sexta-feira, 22 de abril de 2011

A FASUBRA ESTÁ “RACHADA”!

*Raimundo Uchôa
Na última reunião da DN da FASUBRA-Sindical, ocorrida entre os dias 15 e 16, de abril de 2011, durante os debates acalorados acerca da decisão de deflagração de greve já para o dia 25, apesar das negociações abertas pelo governo e, ainda, contrariando decisão da última plenária estatutária, um “diretor” bradou em alto e bom som que a Federação “está rachada” e por isso imobilizada!
Na verdade esse diretor, a exemplo de outros, desconhece, de fato, o quê a Federação vem fazendo, no cumprimento de seu papel, pois raramente participa de seu fazer cotidiano, encaminhando as deliberações da categoria. Por isso usufrui do bônus, que o status lhe confere, mas não arca com o ônus, que a função lhe exige!
A FASUBRA não é uma abstração! Para que exista, concretamente, ela necessita de pessoas que realizem as várias ações, que giram em torno de sua existência, a fim de que cumpra, fielmente, seus objetivos e alcance suas metas. Nesse sentido, precisa de um corpo de funcionários, de recursos materiais, de instalações e principalmente do conjunto de seus diretores(as) que, distribuídos(as) em “pastas” ou coordenações, realizem as tarefas demandadas, em função das necessidades e reclames da categoria – formada por milhares de trabalhadores e trabalhadoras.
Ora, a depender do critério empregado podemos sim concordar com o referido diretor, senão vejamos:
  1. se levarmos em consideração os quê, de fato, trabalham, procurando honrar seus mandatos, encaminhando as demandas da categoria e os quê aparecem somente para fazerem discursos inflamados, engessando as ações da Federação, aí sim tem acordo, a FASUBRA está dividida em dois blocos – as FORMIGAS e as LAGARTAS;
  2. se considerarmos os quê, verdadeiramente, agem com responsabilidade e zelo, não somente com a correta aplicação dos recursos financeiros, mas também e principalmente com relação aos destinos da categoria e aqueles quê “pouco se lixam” para gastos e, muito menos, para os desdobramentos catastróficos de suas decisões, também tem acordo, a FASUBRA está dividida entre BOMBEIROS e INCENDIÁRIOS;
  3. se observarmos, ainda, quem se comporta acima de seus interesses partidários, não se utilizando do cargo na Federação para respaldar seu partido ou central e quem tenta, a qualquer custo fazer isso, de forma a tirar proveito, obtendo vantagens para si e para os correligionários, também tem acordo, a FASUBRA está classificada entre DOADORES e SANGUESSUGAS;
  4. por último, baseado no discurso deplorável proferido por uma senhora diretora, com larga vivência e experiência no movimento sindical, poderíamos, ainda, dividir a FASUBRA em quatro subgrupos:
    1. INDECENTES – os que não têm decoro no exercício de suas funções, pois não acompanham quase nada do que vem fazendo seus pares, tendo em vista que, a partir da data em que ocuparam suas funções e até o presente momento, não assumiram um único plantão, agem portanto de forma inconveniente ou indecorosa;
    2. IMORAIS – os que agem de forma desrespeitosa e desonesta em relação aos seus pares e à própria categoria. Esse tipo costumeiramente se utiliza do discurso fácil para impressionar a categoria e pratica a desqualificação da DN, na tentativa de chamar atenção e provocar desestabilização, a fim de justificar sua ausência e inoperância. Nesse sentido pode ser considerado desonesto e libertino;
    3. INDECENTES e IMORAIS – são aqueles que, por sua própria formação ética e moral, reúnem as duas características e atuam de forma arrogante e “esperta”, aproveitando toda e qualquer oportunidade para tirarem proveito para si e para o grupo que representa. Para esses “os meios justificam os fins”! Portanto lhes faltam decência e moralidade!
    4. ISENTOS – formam a maioria dentro da Federação. Podem ser encontrados em todos os grupos. São pessoas que, no afã de honrarem seus mandatos, não medem esforços para “segurarem a onda”! Quando decidem por essa ou aquela proposta pensam no bem de todos. Lutam com afinco para elevarem e defenderem o nome da Federação em todos os fóruns que participam. São esses que garantem o equilíbrio e a existência da FASUBRA, como entidade admirada e respeitada inclusive internacionalmente. 
Como podemos observar, a FASUBRA pode sim, estar “rachada”, mas nem por isso está imobilizada, como apregoam alguns, na tentativa de macular e descredenciar quem, nesse momento, está conduzindo seu destino.
Na verdade, por detrás dessa falácia, existe uma manobra, cujo objetivo pode ser analisado sob tres aspectos, a saber:
  1. das tres coordenações gerais, duas estão ocupadas por pessoas de um mesmo coletivo (da Tribo). Portanto, a quem interessa desqualificar e/ou engessar a atual formação da DN? Sobre quem recairia o maior peso da responsabilidade pelos descaminhos da Federação, nessa gestão?
  2. a outra coordenação geral está enfrentando dissidências dentro do próprio grupo, que representa (ou frente, pois não tem unidade!). Existe uma disputa interna entre as tendências, visando, inclusive, o próximo CONFASUBRA. No início dessa gestão o coordenador desse grupo teve, inclusive, sua autoridade e legitimidade questionadas. Houve, até, arrependimentos acerca de sua escolha, em face de seu temperamento! Por isso, a quem interessa, também, desqualificá-lo e descredenciá-lo?
  3. a atual formação da DN, em face da insana votação para desfiliar a FASUBRA da CUT, resultou em uma configuração, que rebaixou dois grupos e elevou ao poder um terceiro, que não existia e cuja política focava, apenas, na ocupação de cargos. Tanto é verdade que seu cálculo, inicial, dava como certa a ocupação de duas coordenações gerais. Frustraram-se! Daí é possível compreender por que entre eles vem ocorrendo dissidências e disputas.
Diante de tudo isso se coloca um grande desafio: o de mantermos a FASUBRA muito além dessas disputas fratricidas. Não é possível admitir que uma Federação do porte da nossa sucumba, em face de interesses menores, em detrimento das inúmeras demandas, que estão colocadas nesse momento.
União, serenidade e, sobretudo, responsabilidade são qualidades indispensáveis, nesse momento em que estamos enfrentando sérios e complexos desafios. Não podemos fraquejar, nem tampouco, nos rebaixar aos patamares da INDECÊNCIA e da IMORALIDADE, como lamentavelmente já desceram alguns, que se acostumaram, ao longo dos tempos, a usarem o achincalhe, a calúnia e a difamação como armas, em defesa de seus interesses imediatistas.
Rachadas, mesmo, estão as pessoas que, travestidas de sindicalistas, não mantêm coerência entre aquilo que dizem e aquilo que fazem!
Por fim um lembrete: “alguém poderá enganar alguns, por algum tempo; mas jamais conseguirá enganar a todos, por muito tempo”! Que venha o próximo CONFASUBRA!!!
(*) Raimundo Uchôa é Coordenador de Adm. e Finanças da FASUBRA e integrante da Tribo-Pi.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Servidores técnicos das universidades federais fazem protesto e reivindicam aumento salarial


Cerca de 2 mil servidores técnicos de universidades federais de todo o país fizeram protesto dia 14 em frente ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.

Os servidores reivindicam aumento salarial, além da equiparação entre ativos e inativos e entre trabalhadores que exerçam a mesma função.

Os servidores também criticam a Medida Provisória nº 520 que autoriza o governo a criar a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares, para gerenciar os hospitais públicos universitários.  “ Essa é uma tentativa de privatização descarada, querem seguir o modelo do Hospital de Clínicas de Porto Alegre que é aberto ao público, mas também atende à demanda de planos de saúde ”, afirma o coordenador da Federação de Sindicatos de Trabalhadores das Universidade Federais Brasileiras (Fasubra) Pedro Rosa.

A coordenadora do Sindicato dos Trabalhadores da Universidade de Santa Catarina (Sintufsc), Teresinha Seccato, disse que muitos servidores foram prejudicados com a extinção de algumas carreiras na implantação do Plano de Carreira dos Cargos Técnicos Administrativo em Educação  (PCCTAE).  “As pessoas que ficaram nessas carreiras [extintas] estagnaram, fazem cursos, pós-graduação e não progridem, pois a carreira não existe”, afirmou Teresinha.

Durante a manifestação pela manhã, cinco coordenadores da Fasubra se reuniram  com o secretário de recursos humanos do Ministério do Planejamento, Devarnier Paiva, para negociar as reivindicações da categoria.

A coordenadora da Fasubra Leia de Souza Oliveira disse que o encontro resultou na abertura de uma mesa de negociação. Já há uma nova reunião marcada para a segunda-feira (18) com a participação de representantes de todos os sindicatos. "O governo se mostrou disposto a nos ouvir, os resultados só saberemos com o decorrer da agenda de negociação", afirmou.

Fonte: Agência Brasil

sexta-feira, 15 de abril de 2011

RELATÓRIO DA REUNIÃO COM A MINISTRA MIRIAM BELCHIOR E 25 ENTIDADES REPRESENTATIVAS DOS SERVIDORES PÚBLICOS FEDERAIS

A pedido da Ministra Miriam Belchior, a reunião foi antecipada do dia 14 para o dia 13 de abril e contou com a participação de 01 representante de cada uma das 26 entidades representativas do serviço público federal.


A reunião contou com a participação de 01 representante de cada uma das 26 entidades representativas do serviço público federal. Representando as entidades falaram as 03 Centrais  entidades  Sindicais (CUT, CTB, CONLUTAS) e a CONDSEF, FASUBRA e FENAJUFE.

A Ministra Miriam Belchior iniciou a reunião agradecendo a presença das entidades, e consultou as entidades acerca da metodologia da reunião, propondo que faria uma exposição inicial, em seguida ouviria as entidades designadas e no final faria mais uma manifestação.

Colocou que o Ministério do Planejamento tem por tarefa detalhar como deve se dar as relações de trabalho no serviço público.  Disse que a intenção da Presidenta Dilma é  reafirmar as politicas que vinham sendo desenvolvidas nos 08 anos do governo Lula. Informou que a situação atual dos servidores públicos federais é diferente em comparação aos anos anteriores ao do mandato do presidente Lula.  Manifestou a disposição do governo em continuar fortalecendo as relações de trabalho entre o governo federal e os servidores.  Ressalta que é necessário ter a consciência de que o patamar de reinício dessa relação no Governo da Presidenta Dilma é totalmente diferente, principalmente se for considerado o desmonte de estado e desvalorização salarial dos servidores federais enfrentado no início do governo Lula.

Acrescentou que o governo trabalhou na estruturação das Carreiras do Serviço Público Federal e que há intenção do governo Dilma em dar continuidade a esse processo. Além disso o governo tem convicção  que o momento é outro e por isso tem que se discutir outras temas, além de investir nas carreiras. Disse que é importante investir nas carreiras transversais, acha que favorece o movimento sindical. Colocou ainda que é importante  modernizar os cargos do serviço público federal, no ritmo que permita  condições de ter um serviço público eficiente e de qualidade.

Manifestou a posição do governo em “dar um salto” no desenvolvimento de pessoal. Para tanto,  MPOG foi reestruturado, simbolizando essa disposição de priorização das relações de trabalho. Com o desmembramento da Secretaria de Recursos Humanos, foi criada uma Secretaria de Relações de Trabalho, com a função única de negociação com os servidores.   O Secretário Duvanier  ficará com a única e exclusiva função de cuidar da negociação com os servidores públicos federais, de forma permanente. Acrescentou que o Secretário Duvanier tem da Ministra Miriam absoluta confiança na condução desse trabalho. Disse que solicitou a permanência do Secretário Duvanier, pois ele detém informações, acúmulo e experiência para dar continuidade ao processo de negociação. O Governo tem a intenção que as negociações ocorram num patamar de confiança e alto nível nas discussões, sem que o movimento abra mão de seus posicionamentos e seus princípios.

Reafirmou que, embora tenha tomado conhecimento de toda pauta protocolada pelos servidores públicos federais, além de ter se informado com o Secretário Duvanier acerca das negociações ocorridas com os servidores no governo Lula,   aquela reunião tinha o caráter de retomar formalmente o processo de negociação, que seria coordenada pelo Secretário Duvanier.  Na presente reunião não seria discutido os itens apresentados, pois os mesmos serão tratados no processo de negociação ora retomado.

Em seguida, abriu a palavra para as entidades. Representando a CUT, Pedro Armengol, versou sobre a necessidade do estabelecimento da negociação, destacando os eixos principais. Reforçou que os projetos que estão tramitando no Congresso Nacional, comprometem o fortalecimento do estado. Destacou o significado negativo do PL 549, e a necessidade de retirada dos mesmo e de todos projetos que retiram direitos dos trabalhadores, para garantir uma negociação na mesa sobre estes temas.  Cobrou Agenda de negociação para todas entidades. Cobrou um tratamento isonômico do estado para com seus servidores.

Representando a CONLUTAS, Barelli, reforçou o corte do orçamento, com a retirada de recursos da saúde, da educação e do Programa Minha Casa Minha Vida. Reforçou a manifestação de abertura de negociações e a necessidade de retomar a discussão da negociação coletiva.

Representando a CTB, João Paulo, destacou a importância daquela reunião, disse da necessidade de encaminhar a regulamentação da negociação coletiva, em função do prazo da ratificação da convença 151. Questionou também a respeito do processo de discussão da negociação coletiva.

Representando a CONDSEF, Josemilton disse que é importante a retomada das negociações, bem como a cumprimento de todos acordos firmados e registrados no memorial no final do governo Lula. Informou acerca de mudanças no IBAMA e no INCRA sem a participação dos trabalhadores(as), que comprometem a função daquelas instituições, e que hoje estão sendo revistas, e da mesma forma, sem a participação dos servidores. Reivindicou que os servidores precisam ser ouvidos nessas questões, pois ninguém melhor que os próprios servidores para opinar acerca das instituições que trabalham.

Representando a FASUBRA, Léia, ressaltou a necessidade do estabelecimento do debate com os(as) trabalhadores(as) do serviço público acerca do modelo do estado que temos e o que queremos. Destacou que experiência positivas, como a realização de Conferências Setoriais e a primeira Conferência Nacional de Recursos Humanos, poderia ser reproduzida, buscando a construção de forma democrática e participativa de políticas gerais, que configurem um modelo de serviço público, com pisos salariais e quantitativo de servidores para assumir com eficiência as necessidades do estado brasileiro. Deu exemplo do PNE (Plano Nacional de Educação), que define metas de alcance das políticas educacionais, e que no caso de políticas para o serviço público, deveria ser pensados indicadores que definissem a necessidade do estado para cumprir com as suas demandas sociais. Reforçou a cobrança da regulamentação da negociação coletiva, lembrando o prazo de junho para ser encaminhada ao Congresso Nacional. Resgatou a fala da Ministra sobre a importância de investimento em pessoal e a contradição com posição do governo de suspensão dos Concursos Públicos. Solicitou informação acerca dos concursos para áreas essenciais.  Em seguida, colocou a questão da MP-520 e os impactos que a mesma trará as Universidades e aos HU´s, ferindo a CF/88 (quebrando o princípio de indissociabilidade entre o ensino/pesquisa/extensão e desrespeitando a autonomia universitária) além de significar uma política que poderá servir de modelo para outros setores do estado, fortalecendo a terceirização da gestão privada em áreas públicas. Disse que é necessário a retirada de projetos que recoloquem na agenda os temas derrotados na eleição presidencial de 2010.  Solicitou que fosse garantido um espaço de diálogo direto entre a Ministra e os servidores públicos, e que estes possuem a consciência de seus deveres com o estado e com os cidadãos, e  que, de forma legítima, lutam em defesa de seus direitos.

Finalizando a intervenção das entidades, o representante da FENAJUFE fêz uma intervenção reforçando as manifestações anteriores.

O Secretário Duvanier ressaltou a importância da retomada do espaço de negociação. Destacou que tem o compromisso de fazer melhor, pois a Secretaria de Relações de Trabalho  possui um único foco, que é a negociação.    Essa nova configuração proporcionará uma nova dinâmica na negociação, com mais qualidade no processo.

É importante consolidar a nova cultura iniciada no governo Lula, que é a democratização das relações de trabalho. Relembrou que 70 acordos foram firmados no governo Lula, durante os seus 08 anos de mandato, e que nos últimos 04 anos, foram 48 acordos.  Avalia que o movimento sindical amadureceu e que entende que as relações de conflito devem ser definidas num ambiente de negociação.

A Ministra Miriam Belchior, agradece a franqueza das intervenções feitas pelas entidades, que possibilitará oportunidade de esclarecimento. Disse que o nível das falas foi qualificado, pois reforçaram os principais pontos dos eixos de luta. Disse que sai daquela reunião com uma visão clara dos principais eixos da luta dos servidores.

Quanto a regulamentação da Negociação Coletiva disse que este é um novo governo e que vai ser revisitado o que foi discutido no GT-Negociação Coletiva.  Acrescenta que, neste novo momento, as circunstâncias são diferentes e precisa ser olhado estas questões. Informou que até junho vai encaminhar o projeto ao congresso nacional.

Com relação ao corte no orçamento disse que a saúde não teve nenhum corte.  Informou que na educação, mesmo com os ajustes, tem 04 bilhões a mais que no ano de 2010.  O ajuste no orçamento da educação foi na ordem de 01 bilhão.   Disse que o Programa “Minha Casa minha Vida”, será desenvolvido nos últimos 08 meses deste ano de 2011.  Acrescentou que houve um ajuste no orçamento em função disso e não houve redução. Os recursos foram ajustados para serem aplicados nos 08 meses desse ano. A meta de construção de 02 milhões de casas nos 04 anos de governo da Presidenta Dilma está mantida.

Informou que a política de concursos será mantida, pois foi o resultado de uma disputa acerca da concepção de estado, sendo que a tese defendida é o investimento em pessoal e com a contratação de novos servidores e a valorização salarial. Entretanto, fez um destaque que o  Brasil está em um momento especial e que  não seria coerente, por parte do governo, fazer o corte no orçamento e continuar com as novas contratações. Portanto esse ano terá alguns ajustes. Destacou que os concursos nos setores essenciais serão mantidos.  Informou que será aberto concursos para professores substitutos e para as escolas técnicas e IFETS.     Reforçou que nas áreas essenciais os cortes não chegaram.

Fez uma ressalva dizendo que “estamos no mesmo campo político. Já travamos batalhas juntos, mesmo com nuances diferenciadas”. Disse que todos naquela mesa tem histórias e realizações de luta  cujo foco é a defesa do estado brasileiro, como indutor de desenvolvimento social.  No entanto, acrescenta, há circunstâncias que precisam ser debatidas de peito aberto, sem deixar de lado as convicções históricas.  Destacou que o Brasil não vive no mesmo mundo de dez anos atrás.  Portanto é necessário dar passos à frente. Ressaltou que o Ministro Fernando Haddad sempre defendeu as Universidades e sua autonomia e que, este Ministro não pode ser acusado de desenvolver ações que favoreçam o desmantelamento do estado.

Disse que é preciso entender que em determinada situação, não se consegue prestar ou dar um atendimento público a sociedade, em alguns setores, com a qualidade almejada.  Acrescentou que o pior que pode acontecer na relação do estado com seus servidores, seria em momentos de impasse, sobre determinados temas, não ter entendimento. Mas entende que esta possibilidade faz parte do debate democrático.

No entanto acha importante abrir espaços para discussão aberta sobre determinados pontos, para que num esforço coletivo sejam alcançadas soluções.  É preciso construir isso juntos.  No entanto é preciso de um esforço para repensar paradigmas, diante das mudanças no mundo e no país.

Sobre a retomada das negociações com os servidores públicos:  Disse que essa reunião marca a retomada da mesa de negociação com os servidores públicos federais, e que o Secretário Duvanier é o interlocutor do governo com os servidores. Acrescentou que o Secretário Duvanier terá uma equipe dedicada para fazer as negociações. A criação da Secretaria de Relações de Trabalho dará um ganho de qualidade nesse processo.

Com relação a reuniões com o Ministra disse que construirá em uma periodicidade compatível com a agenda do Ministério.  Essa agenda seria para discutir temas  específicos que envolve o Ministra e outros setores de governo, mas acredita que é possível.

Disse que é intenção do governo, nesses 04 anos consolidar o processo de negociação  iniciado no governo Lula.

Finalizou marcando a agenda da próxima reunião com o conjunto dos servidores e com o Secretário Duvanier para segunda feira às 15:00 hs, onde será apresentado o cronograma de reuniões e metodologia do processo negocial com todas entidades.  O Secretário informou que a primeira reunião será com a FASUBRA, no dia 14 às 10:00 horas, onde será apresentado o calendário de reuniões por temas que integram a pauta da entidade.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Coordenação do SINTET-UFU promove atos no HC/UFU e em frente a Reitoria da Universidade

No dia 12 de abril a coordenação do SINTET-UFU, formada por membros da TRIBO Uberlândia, promoveu juntamente com outras entidades sindicais e movimentos organizados de Uberlândia um Ato Público contra a MP 520 (que cria a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares) em frente ao Hospital de Clínicas da UFU.

Participaram cerca de 100 pessoas, entre membros das entidades, populares que atenderam ao convite feito através de panfletagem, estudantes e membros da APG (Associação de Pós-Graduandos da UFU). Muitos acompanhantes de pacientes internados também participaram.

Durante o ato houveram várias falas dos presentes e ainda a distribuição de uma carta onde esclarecia a população como pode vir a ser o atendimento no hospital Universitário, caso seja aprovada a MP 520.

Já no dia 13, vários companheiros foram em caravana para Brasília, participar da mobilização e passeata em prol da Campanha Unificada dos Servidores Públicos 2011 e, no dia 14, participarem da vigília em frente ao MPOG, para solicitar a confirmação da criação de uma agenda de reuniões.

Simultaneamente ao que ocorria em Brasília, no dia 14 de abril, outro grupo, contando com coordenadores do sindicato, membros da base, alunos e representantes da APG, estiveram juntos, unidos em frente a Reitoria da UFU em mobilização para aproveitar o dia nacional de paralisação e protocolar uma pauta de reivindicações junto ao Reitor Alfredo Julio.

Podemos dizer que a semana foi bastante movimentada, tendo como positivo o fato de a Ministra do MPOG, ter recebido já no dia 13 uma delegação de representantes dos servidores públicos federais e deixando pré-agendado para a próxima segunda-feira o início da agenda de reuniões que ocorrerão em prol das negociações.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

ELEIÇÕES NA ASSUFBA – SERÁ QUE COMBINAM COM NOSSA HISTÓRIA?

O povo brasileiro viveu, durante mais de duas décadas um dos períodos mais obscuros e tenebrosos de sua história, em que torturas, mortes, desaparecimentos e cerceamento das liberdades individuais aconteceram aos montes, criando angústia, revolta, dor e sofrimento para muitas lideranças políticas, sindicais e cidadãos comuns. No entanto, esse tempo foi superado graças à tenacidade e resistência, demonstradas na capacidade de luta e de organização do povo.
O Brasil, após superar a ditadura militar, passou a respirar outros ares, em que a tolerância e as liberdades individuais passaram a ser uma constante em todas as esferas de organização do poder. O País, portanto, à medida que o tempo avançou, assistiu, principalmente na última década, o crescimento e o desenvolvimento das diversas áreas de organização da sociedade.
Nesse contexto destaca-se o movimento sindical, que passou a gozar de liberdades jamais experimentadas, com o surgimento de centrais sindicais, sindicatos e muitas outras organizações sociais, com variadas funções, buscando organizar a sociedade para a conquista e a defesa de suas demandas. Isso contou, inclusive, com o incentivo do governo federal, exercido nos últimos oitos anos por um operário, com origem e larga atuação sindical e política.
Os sindicatos passaram então a gozar de prestígio e, por isso mesmo, tornaram-se palcos de acirradas e complicadas disputas. Fato que, observado à luz dos novos tempos, sob a ótica do que preconiza a organização social e política brasileira, em que a democracia e o império das leis regem as relações sociais, é bem vindo e esperado, como legítimo exercício de cidadania.
Por outro lado, aqueles que, durante uma disputa eleitoral, agem ao arrepio das leis, agindo de forma truculenta e antidemocrática, além de estarem negando a existência do Estado Democrático de Direito, duramente conquistado, estarão também cumprindo um desserviço à memória dos muitos que sofreram os horrores dos porões da ditadura e pagaram com a própria vida, o preço das conquistas para que a sociedade brasileira chegasse ao atual estágio.
Os fatos que ocorreram durante as “eleições da ASSUFBA” são, portanto, um lamentável exemplo, do que jamais deve ocorrer em disputas sindicais, principalmente considerando-se o lócus e os protagonistas dessa disputa: uma histórica e respeitável instituição de ensino superior (UFBA) e seus milhares de trabalhadores em educação – partícipes dos mesmos dramas e agruras, devedores, por isso, de solidariedade, respeito e zelo em relação às leis.
O exemplo do que ocorreu nos corredores e cercanias da UFBA, durante as recentes disputas eleitorais, é motivo de vergonha e repúdio de toda a categoria. É inadmissível que opositores políticos eventuais transformem-se, de um momento para outro, em inimigos mortais, submetidos a ameaças de toda sorte, inclusive, com armas, ignorando o fato de que, antes de tudo, são parceiros e colegas de trabalho. Até quando esse “estado de coisas” será praticado e tolerado? Será que nosso movimento, com todo seu histórico de lutas e conquistas, merece uma mácula dessa natureza, em que a truculência, a manipulação e a imposição da força tomaram o lugar da decência, do respeito e da transparência?
A organização sindical dos trabalhadores das universidades, a permanecer esse tipo de atitude, logo, logo, estará experimentando um abominável processo de “jaguncização” do movimento, em que a disputa fraterna, baseada na ética, na tolerância e no respeito às diferenças, será substituída pela guerrilha fratricida, calcada na arrogância, na prepotência e na violência. Daí vencerá o pleito aqueles que formarem o maior bando de jagunços armados e dispostos a matar ou morrer!Definitivamente, não foi isso que aprendemos, ao longo de nossa história!
Como trabalhadores em educação de terceiro grau devemos procurar ser exemplos do que é ético, moral e salutar, em todos os sentidos. Atitudes violentas, truculentas e, sobretudo, antidemocráticas não combinam com nossa posição social e, nem tampouco, com nossa gloriosa história de organização política e sindical. Evitemos, então, manchá-la!

(*) Raimundo Uchôa é Coordenador de Adm. e Finanças da FASUBRA e integrante da Tribo-Pi.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

PALAVRAS DE TOLSTÓI

"Pensei que, se eu servir as pessoas pela escrita, então a única coisa a que tenho direito, o que devo fazer, é desmascarar a mentira dos ricos e revelar aos pobres o engano em que eles os mantém."

"As pessoas vivem num luxo absurdo, enriquecendo-se com o trabalho de pobres humilhados e protegendo a própria riqueza com guardas, juízes, sentenças - e o clero, em nome de Cristo, aprova, consagra e abençoa essa vida, apenas aconselhando os ricos a conceder uma pequena parte do que foi roubado àquele de quem continuar roubando."

Liev Tolstói (1828/1910)

sábado, 9 de abril de 2011

A FASUBRA é maior do que a “política de garrafinhas”!

(*Raimundo Uchôa)

Uma democracia atinge seu grau máximo de desenvolvimento (poliarquia) quando o direito de voto abrange a maioria da população e quando a competição pelo poder político envolve grupos distintos, que têm, no entanto, as mesmas chances de chegar ao governo. (Robert Dahl)

Desde que voltei a participar dos CONFASUBRAS, em 2006, após um longo período de ausência, tenho observado com preocupação o que vem acontecendo no seio da Federação e, especialmente, nos seus fóruns de deliberação – espaços onde afloram as disputas políticas pelo poder e são debatidas as questões de maior interesse da categoria.

Agora, como partícipe da Direção Nacional, depois de ter integrado o Conselho Fiscal por aproximadamente dois anos, minhas preocupações aumentaram, principalmente tendo em vista a forma como a direção se organiza, debate e delibera sobre os diversos assuntos, que dizem respeito à vida funcional dos trabalhadores(as) das universidades públicas brasileiras – cerca de 160 mil pessoas espalhadas pelo território nacional. É muita responsabilidade!

A participação de diversos grupos políticos, com ideologias distintas, integrando a Direção Nacional, de forma proporcional e qualificada, eleitos pela categoria no seu fórum máximo – o CONFASUBRA – é uma prova incontestável de amadurecimento político e prática democrática inovadora, vista em raras situações no movimento sindical brasileiro. Esse tipo de arranjo organizativo, colocado sob a perspectiva de Dahl, pode ser considerado uma poliarquia – tipo de democracia em que a disputa pelo poder é alta e a participação política é ampla. Isso, de fato, acontece na FASUBRA Sindical, no entanto ainda de forma atabalhoada, em função de vários fatores, nos quais se destacam a falta de amadurecimento político e de comprometimento, tanto por parte de alguns diretores, como também de boa parcela dos representantes da base da categoria, que comparecem às atividades da federação.

O amadurecimento político a que me refiro, traduz-se na postura do indivíduo (diretor ou não!) que busca exercer com dedicação e responsabilidade suas funções, zelando pelo patrimônio material e imaterial da entidade que representa. Por outro lado, estar comprometido é fazer-se presente de forma integral, buscando participar qualitativamente de todas as ações realizadas por sua entidade (nacional ou local). Essas qualidades estão cada vez mais raras, em nossos representantes.

Estamos, portanto, diante de um impasse: temos uma estrutura organizativa avançada, mas nossa prática política é atrasada e paralisante. Organizamo-nos como uma poliarquia, mas praticamos “democratismo” e manipulação ideológica, baseados no personalismo e na retórica incendiária. Refiro-me, fundamentalmente, aos grupos que se organizam eventualmente nos congressos eleitorais com o intuito, apenas, de eleger representantes personalistas, cujo interesse maior está restrito a si mesmo ou ao pequeno grupo que “ajunta”, em detrimento dos coletivos mais amplos, que focam suas ações em interesses abrangentes que expressam, de fato, as legítimas necessidades da categoria.

A “política de garrafinhas” – evidenciada de forma cabal no XX CONFASUBRA – é uma prática perversa, pois pode eleger indivíduos com “boa” capacidade de convencimento, que usa o discurso fácil e incendiário, mas não possui habilidades para a gestão e a realização das rotinas exigidas por uma Federação do porte e do caráter da FASUBRA, dificultando seu desempenho no atendimento das demandas apresentadas pela categoria. O indivíduo, dessa forma, ocupa um lugar legalmente conquistado, mas como não realiza, de fato, o mister para o qual foi eleito exercerá uma função ilegítima.

A “política de garrafinhas”, por outro lado, por possibilitar o “ajuntamento” de indivíduos, com o interesse exclusivo de eleger representantes personalistas, de certa forma, desqualifica a representação colegiada proporcional, tendo em vista que, no exercício do mandato, seus eleitos agirão mais em função da expectativa imediatista de grupos isolados, a fim de se manterem em evidência, do que em função dos interesses maiores, apresentados pela base. Não avaliam se seus encaminhamentos podem causar embaraços e/ou dissidências. O que importa é o número de votos (ou “garrafinhas”!), que conquistarão com suas manobras e façanhas.

A saída para esse impasse, com certeza, não é retroceder nos avanços políticos conquistados pela FASUBRA, que organiza sua Direção com representação proporcional qualificada e assegura a participação democrática de sua base nas plenárias estatutárias e nos congressos, mas em aprimorar esses mecanismos, por meio de processos formativos e informativos. Podemos, por exemplo, modificar o formato das plenárias, a fim de torná-las mais ágeis, atrativas e produtivas. Podemos, ainda, fomentar a realização de cursos de formação sindical, para qualificarmos a participação de nossos delegados e diretores e, o que é mais importante, incentivar a participação da base no dia a dia da Federação, seja de forma presencial ou virtual, a fim de que tomem conhecimento de suas rotinas e realizações. Somente dessa forma, separaremos o joio do trigo e mostraremos quem, de fato, merece, porque honra com sua dedicação, o cargo que ocupa, seja dirigente ou delegado de base.

A FASUBRA – é oportuno que se diga – é bem maior do que essa nefasta e abominável “política de garrafinhas” que se baseia, apenas e exclusivamente, no discurso fácil e no voto interesseiro!

(*) Raimundo Uchôa é Coordenador de Adm. e Finanças da FASUBRA e integrante da Tribo-Pi.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

FICHAMENTO DO LIVRO "MURALHAS DA LINGUAGEM" SOBRE COMUNICAÇÃO SINDICAL

Autor: VITTO GIANNOTTI
Editora: MAUAD

APRESENTAÇÃO

"Palavras como indignidade, irrelevante, bravata e até otimistas oferecem algum problema à compreensão para alguém? É evidente que não, responde qualquer um que nunca pertenceu à Senzala. São palavras que todo mundo entende. Não é isso?"

"Além do problema do dicionário, do repertório, das palavras, há outro menos evidente, mas que oferece uma dificuldade tão grande ou maior para a compreensão de um texto, um artigo ou até uma fala. Trata-se da construção da frase. Ou, mais diretamente, do tamanho da frase. Uma frase longa oferece dificuldade de ser acompanhada, compreendida  por quem não é acostumado à leitura. Ao contrário, uma frase curta é mais facilmente compreendida. Este é o ponto de partida e de chegada destas pesquisas."

CAPÍTULO I
Casa Grande e Senzala na Linguagem

Expressões como tirar o apoio representam algum problema? Evidentemente que não. Mas o evidente não é tão evidente assim, se soubermos encarar, sem medo, nossa imagem no espelho. Poderemos ver um país dilacerado entre a Casa Grande e a Senzala. Entre uns que têm a compreensão da palavra otimista, e outros, que não a têm. Ou melhor, uns que têm uma compreensão e outros que têm outra, totalmente oposta.

Nada a perder, a não ser as suas cadeias

Num curso de História, para um sindicato de Minas Gerais, sobre a origem da classe operária, sua história na Europa do século XX. Fala-se da Revolução Industrial, dos primeiros sindicatos e das primeiras greves. A certa altura, o instrutor começa a empolgar-se ao falar do Manifesto Comunista. Fala que recentemente, em 1998, foram comemorados, no mundo inteiro, os 150 anos do Manifesto de Marx. Num esforço de propaganda político-ideológica, divide a turma em grupos de cinco pessoas e manda cada grupo analisar uma frase da famosa cartilha comunista.

A frase à qual o monitor, em todos os cursos, dá mais ênfase está no final do texto. É a frase-chave que leva o monitor ao orgasmo que este gostaria que fosse de todos e se transformasse num grande orgasmo coletivo.

"Que as classes dominantes tremam à idéia de uma revolução comunista! Os proletários nada têm a perder nela, a não ser suas cadeias. Têm um mundo a ganhar. Proletários de todos os países, uni-vos!"

O exercício constava de uma discussão em grupo sobre o conteúdo de algumas frases da cartilha de Marx. Esta última frase do Manifesto era uma das mais fáceis de se comentar. Pelo menos, deveria ser.

A expectativa do monitor era de que o grupo falasse sobre as cadeias da escravidão a serem rompidas. Os proletários só tinham isso a perder. Suas cadeias. Com a revolução seria o fim da sua escravidão. Das suas cadeias.

Mas o espanto foi que aquele grupinho de uns cinco ou seis dirigentes sindicais não conhecia o sentido mágico, que se tinha para o professor, da palavra cadeia. Cadeia, para eles era cadeia: aquela do Fernandinho Beira Mar, ou o Carandiru de São Paulo, do filme que a Globo tanto propagandeou, em 2002... E as cadeias do proletariado? Ninguém as conhecia. O monitor, mais uma vez, teve de retardar a tão esperada hora do seu orgasmo político-ideológico coletivo.

Prédio tombado

Enquanto as juventudes douradas do País estão se deliciando com os tombamentos de Paraty, ou de Recife Antigo, um grupo de jovens cariocas está passando um tranquilo fim de semana na Região Serrana do Estado do Rio. O caseiro do sítio onde eles estavam, o seu Pedro, puxa conversa, todo preocupado, sobre uma notícia que ouviu, na véspera, pela televisão. "Vocês moram em Botafogo, não é? Pois ontem o repórter falou que o prefeito está tombando um montão de prédios por lá. O Rio é muito perigoso, toda hora eles tombam prédios. Vocês precisam tomar muito cuidado." A turminha ficou meio desconcertada, mas, fazer o quê? Concordaram com o seu Pedro que o Rio é uma cidade muito perigosa mesmo.

Está claro? Tombar um prédio é uma ótima medida para uns... trágica para outros, na visão de seu Pedro. Depende de... uma coisa só: daquilo mesmo que já foi repetido demais. Se quem está falando é da Senzala, ou da Casa Grande.

Indignidade positiva

Traduzir indignação! Dá para suspeitar que a palavra indignidade possa ser pensada como sinônimo de indignação, raiva, ou coisa parecida?

Abaixo um exemplo do uso da palavra indignidade por um dirigente do Sindicato Rural de Barretos:

"Que sirva este trabalho para fazer o resgate histórico, para a gente rever este passado, para não perdermos a nossa memória.
Para evocar em cada um de nós, de nossos filhos, de nossos jovens a indignidade positiva para que a gente transforme esta realidade numa realidade melhor para todos os trabalhadores que produzem a riqueza desta grande região."

Este dirigente sindical é, sem dúvida, um trabalhador esclarecido, lúcido, politizado. O conteúdo do discurso está ótimo...

Certamente em congressos, encontros, missas ou comícios deve ter ouvido a palavra indignidade. Dirigente sindical, padre, candidato, todos eles devem ter usado, mais de uma vez, cheios de indignação, a palavra "indignidade". E o nosso diretor aprendeu esta palavra cheia de sentidos e agora a usa. Mas não é de qualquer indignidade que nosso lutador está falando. Ele está realmente bravo, está indignadíssimo. Por isso ele vai falar, naquele discurso de final de greve, da indignidade verdadeira... uma "indignidade positiva".

De onde vem este uso estranho da palavra indignidade? Este trabalhador rural certamente luta, há anos, pela dignidade de seus companheiros. Contra toda indignidade. Mas ele é da Senzala. Estudou na Senzala. Vive na Senzala. Não lê jornais e nem compra livros. Como todos os da Senzala. E fala a lingua da Senzala. Para ele indignidade é sinônimo de indignação. E isso efetivamente não tira nenhum mérito ao seu valor como lutador. Somente escancara o problema de qualquer pessoa que vai a um país estrangeiro e não conhece bem a língua daquela terra. Logicamente que não sabe o sentido de todas as palavras.


Não há nenhum escândalo elitista, sobre se há pessoas que não sabem distinguir entre indignidade ou indignação. É muito comum pessoas com pouca escolaridade trocar palavras. Isto acontece não só nestes casos. Mesmo entre quem tem seu diploma de terceiro grau, na mão, acontece a três por dois. Muita gente não usa as palavras corretas. Mas isso não vem ao caso aqui. O que é chocante é que dirigentes sindicais, comunitários, ou políticos não admitam que a realidade é esta. Que a tal palavra indignidade, que eles proferem com toda a indignação do mundo, não significa a mesma coisa para milhões de seus ouvintes. Por que não usar outra palavra que substitua indignidade? A explicação é simples: por que não se acredita que haja alguém que não saiba exatamente o que significa indignidade. Por que se acha que esta palavra é intraduzível, insubstituível. Pois as duas hipóteses são completamente irreais.


Os reflexos da comunicação, nas dificuldades de compreensão de um texto, falado ou escrito, mostram seus resultados.


"Durante a campanha para a Prefeitura de São Paulo, em 1985, Jânio Quadros contou com o apoio do deputado e ex-ministro Delfim Neto. Durante um comício para moradores de um bairro de periferia, Delfim terminou sua fala dizendo: "A grande causa do processo inflacionário é o déficit orçamentário." Logo depois, Jânio chamou Delfim de lado e disse: Delfim, olhe para a cara daquele sujeito ali. O que você acha que ele entendeu do seu discurso? Ele não sabe o que é processo. Não sabe o que é inflacionário. Não sabe o que é déficit. E não tem a menor idéia do que é orçamentário. Da próxima vez, diga assim: "A causa da caresia é a roubalheira do governo!" (Teoria da argumentação jurídica, de Airto Ceolin Montagner)


De que adianta falar de maneira perfeita para ninguém entender?


CAPÍTULO 2
A Senzala na educação e a comunicação



Objetividade jornalística, de Mino Carta


"Na mídia nativa, a alegada busca da imparcialidade e da objetividade serve exclusivamente como adubo da hipocrisia. Tanto mais, em tempos de campanha eleitoral.

Jornais, revistas, meios de comunicação em geral, apóiam o poder pelo simples fato de que fazem parte dele, são deu instrumento. Ou por outra, apóiam a si próprios. Sem qualquer preocupação quanto à honestidade. A hipocrisia, no entanto, não tem limites. Jornais, revistas, meios de comunicação em geral, com excessão de O Estado de São Paulo, evitam declarar abertamente a sua preferência pelo candidato do poder, embora o sustentem em todas as páginas e jamais de forma objetiva, sem contar os golpes baixos desferidos contra os candidatos da oposição.

E a imparcialidade? Que se moa."
Carta Capital, 2 de outubro de 2002.

Este artigo é do célebre patriarca da mídia nacional, Mino Carta, para a revista Carta Capital, nas vésperas da eleição presidencial do Brasil de 2002, e não deixa dúvida sobre a objetividade jornalística.