domingo, 30 de outubro de 2011

2014 já era: só o Golpe salva o PSDB

Saiu na Folha (*), um dos agentes do Golpe:

Crítica de senador causa mal-estar no PSDB

Aloysio cobra publicamente reformulação do partido, e presidente da sigla divulga nota para rebater questionamentos

Pano de fundo da crise é a disputa interna já pela candidatura à Presidência em 2014, que divide a legenda.

O PSDB viveu ontem mais um capítulo da disputa entre grupos internos. O senador Aloysio Nunes Ferreira (SP) criticou publicamente o comando da legenda. O presidente do partido, Sérgio Guerra (PE), divulgou nota para rebater as acusações.

Em uma série de postagens no Twitter, Aloysio condenou a falta de organização do partido: “A quantas anda a tão alardeada reorganização do partido?” E vaticinou:

“Dessa forma, sem trabalhar direito hoje, sem formular propostas, sem organizar o partido, sem uma oposição firme agora, 2014 já era”.

Guerra minimizou os ataques. Mas divulgou uma nota rebatendo as críticas de Aloysio ponto a ponto.

(…)


Só o Golpe, ou seja, o PiG (**), salva os tucanos.

O Governo Dilma viverá a mais furiosa campanha difamatória e Golpista.

Provavelmente mais furiosa do que a que quase desmancha o Governo Lula.

Porque a elite e sua expressão física, o PiG, não aceitam outros oito anos de Governo trabalhista.

Isso poderá exigir que a elite e o PiG troquem de instrumento partidário.

Já foi a Arena, o PFL, o DEMO e agora, os tucanos irrelevantes de São Paulo.

A elite usa os partidos como os taxis.

O PSDB que se cuide.

Na vanguarda da reação estará, como esteve em 2010, D Judith: o PiG.

No momento, o duto por onde passa o detrito golpista é o ENEM.

Pobre não pode estudar na Faculdade.

Sobretudo, no Ceará.

Vencido o Golpe do ENEM, como sempre é, o duto será outro.

E assim será até que o Ministro Bernardo cante, todos os dias, canções de ninar para tranquilizar o sono Golpista.

Sem a Ley de Medios como o pé na porta, a Presidenta não terá um dia de sossego.

E Viva a Liberdade de Imprensa (dos Golpistas) !


Paulo Henrique Amorim
(*) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é, porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.

(**) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

domingo, 16 de outubro de 2011

Economia Política, Forças Produtivas Relação Trabalho-Capital

* Helder Molina
O que é Economia?

Atividades Econômicas são aquelas por meio das quais os indivíduos trabalham para produzir alimentos, roupas armas ou ferramentas!

Economia Política:
Ramo das ciências humanas voltado à análise das ações destinadas à produção, distribuição e consumo dos bens que propiciam o desenvolvimento das sociedades.

Max Webber:
“Economia como administração dos recursos raros ou dos meios destinados a atingir determinados fins”.
Definição adequada ás sociedades desenvolvidas, nas quais o dinheiro é um meio para a satisfação de desejos e necessidades.

Meios de Produção

A evolução das trocas, do escambo direto, ao comércio mediado pela moeda, desempenhou papel preponderante nesse processo de transformação dos sistemas de produção e circulação de bens.

A Revolução Comercial, na transição do Feudalismo para o Capitalismo Mercantil, fez com que, da prática econômica, surgisse a Ciência da Economia.

A Revolução Industrial deu grande impulso à evolução do pensamento econômico e no século XX, o desafio de Planejar o Desenvolvimento.

Meios de Produção e forças produtivas

Meios de Produção:
Todo e qualquer utensílio ou recurso natural que seja usada na produção.

A posse dos meios de produção pode ser coletiva ou privada.

Em casos, como da escravidão, o próprio homem foi meio de produção, podendo até ser comercializado!!!

O ser humano, através dos meios de produção (aproveitados da natureza ou criados pelo homem) transforma o meio natural de acordo com o seu interesse.

Ao transformar a natureza por meio do trabalho, o homem emprega sua energia pessoal e coletiva (força de trabalho) e gera o resultado (produto).

Os grupos sociais empregam sua força de trabalho no manuseio dos meios de produção e estabelecem, assim, Relações Sociais de Produção.

Esse processo define as Forças Produtivas!

As Forças Produtivas nascem da combinação dos vários elementos que estão envolvidos no processo do trabalho (energia humana, terra, ferramentas, máquinas) e que são empregados em determinadas relações de produção (propriedade coletiva ou privada da terra) estabelecidas pelos indivíduos (divididos em classes sociais ou não).

Modos de Produção na História:

Modo de Produção Asiático.
Modo de Produção Escravista.
Modo de Produção Feudal.
Modo de Produção Capitalista.
Modo de Produção Socialista.

Atenção:

Quando falamos em produção, a primeira idéia é a de Bens Materiais. Mas, além dos bens que lhes permitem sobreviver, os homens produzem também obras de arte, religiões, política e leis. Sobretudo, produzem Idéias e, por meio delas, interpretam tudo a sua volta. É essa ampla produção que diferencia o ser humano dos demais seres vivos.

Meios de Produção e Infra-estrutura e Superestrutura

Modos de Produção possuem:

•Infra-Estrutura: relações materiais de produção; forças econômicas de uma sociedade (fundações, alicerce).

•Superestrutura: espaço onde se dão as relações não-econômicas – idéias, costumes, instituições (edifício). Toda a produção humana que não tem forma material e é imprescindível ao funcionamento da sociedade.

Esclarecendo:
A infra-estrutura refere-se a base material das relações de produção entre homem e natureza e homem e homem (relação proprietário e proletariado, por exemplo).

A estrutura é o sistema produtivo. (capitalismo)

A superestrutura é a forma de dominação no sentido ideológico e institucional (direito, religião e Estado Moderno, por exemplo).

Meios de Produção e a Luta de Classes

•Para Marx, a análise dos processos de transformação histórica das sociedades aponta a economia como determinante em última instância dos grandes fenômenos sociais, uma vez que é por meio dela que se definem as classes sociais e as formas de dominação de classe.

•A Luta de Classes não está restrita a infra-estrutura do Modo de Produção, mas se dá também em todos níveis da superestrutura.

•As lutas políticas, as expressões artísticas, as políticas de ensino, as ideologias norteadoras do Direito e até as atividades religiosas são reflexos da Luta de Classes.
Barricadas nas Ruas de Paris - Revolução de 1848
Horace Vernet - (1758-1836)

•A Luta de Classes, cuja origem primeira está na base econômica, projeta-se permanentemente em toda sociedade.

•As lutas políticas, as expressões artísticas, as políticas de ensino, as ideologias norteadoras do Direito e até as atividades religiosas são reflexos da Luta de Classes.

•A Luta de Classes, cuja origem primeira está na base econômica, projeta-se permanentemente em toda sociedade.

•Os homens fazem sua história, mas não como querem e sim dentro das condições herdadas das gerações precedentes;

Por isso a produção intelectual e as expressões da cultura desempenham papel fundamental.

A visão de mundo ou a ideologia predominante em um dado modo de produção tende a ser, em situações normais, a ideologia das Classes Dominantes!

•As Classes Dominantes estão sempre preocupadas em gerar explicações úteis para a manutenção das características da sociedade.

•A reprodução das relações de produção inclui a reprodução contínua da visão de mundo dominante.

•Socialização é portanto, a absorção de idéias que influenciam nosso modo de pensar a vida social e os fenômenos políticos!

•Socialização primária: família.

•Socialização secundária: contato com demais instituições.

•As Socializações são determinantes no comportamento de Alienação ou Transgressão!

Modos de Produção e a Formação Social

Formação Social:

Totalidade social concreta, histórica e geograficamente determinada, isto é, uma organização social que pode abranger um só ou vários países.

•As formações sociais capitalistas mais evoluídas são bastante diferentes das menos desenvolvidas.

•Podemos notar na realidade das formações sociais o fato de características de outros Modos de Produção coexistirem com o Modo de Produção dominante.

Capitalismo e Capital
Bolsa de Valores - Nova York 1929

•Capitalismo: é o modo de produção em que o capital, sob suas diferentes formas, é o principal meio de produção!

•Capital: bem possuído por um indivíduo, como seu patrimônio. Pode ser uma quantia em dinheiro, ações ou um meio físico como terra, casa, etc.

Assim:

1.O Capital existe em toda a sociedade e em qualquer tempo e lugar.

2. Objetos inanimados podem ser produtivos e gerar renda por si próprios.

•Um objeto em si não seria capaz de gerar renda.

•O capital seria uma Relação Social que toma a forma de objeto.

Se são os homens com seu trabalho que geram riquezas, o Capital é, antes de mais nada, a relação entre seres humanos que se transforma em bens materiais.

O Capital não é simplesmente um conjunto de Meios de Produção. Esses é que foram transformados em Capital ao serem apropriados por uma classe social (burguesia) e empregados com a finalidade de gerar rendas!

•Capitalismo é baseado essencialmente na propriedade privada dos meios de produção.

Assim:

Burguesia Capitalista: classe dominante e detentora dos Meios de Produção!
Proletariado: Classe dominada, a quem resta o trabalho assalariado!

Sobre essa infra-estrutura econômica, ergue-se a superestrutura do Estado Nacional, que detém o poder de governo sobre a sociedade e que encarna a ideologia da igualdade jurídica entre os indivíduos.

Mais-Valia
Teoria da Mais-Valia:

Base teórica para explicar a fonte de acumulação de capital que permitiu ao capitalismo expandir-se por todo o planeta e promover uma revolução tecnológica sem precedentes na história da Humanidade.

Os trabalhadores produzem utilizando os Meios de Produção do patrão; este, em troca, paga-lhes um salário em dinheiro, depois de vender as mercadorias produzidas.

Essa venda é necessária para que ele reponha as matérias-primas e as ferramentas e possa reiniciar o processo.

Com seu salário, os empregados compram os bens necessários para a sobrevivência sua e de sua família.
Mas se a troca parece justa, e
se nenhum dos lados está
sendo privilegiado, de onde
vem a riqueza dos capitalistas
e a pobreza dos operários?

Explicação Capitalista:

O enriquecimento se dá com os lucros obtidos com as vendas, uma vez que o mercado necessita de bens, que possuem preços variáveis, e as pessoas precisam comprar o que não conseguem ou não podem produzir!

Crítica Marxista:

Mas se o patrão pagar o empregado por todas as mercadorias produzidas por eles em uma jornada de trabalho, ele teria que abrir mão dos lucros para poder adquirir novas matérias-primas, repor máquinas e pagar os impostos e as demais despesas da empresa.

O que determina o valor de uma mercadoria?

(Lembrar que a força de trabalho vendida ao patrão pelo proletário também é uma mercadoria!)

•Valor de uma mercadoria é determinado pelo tempo de trabalho socialmente necessário para produzi-la.

Valor de Uso: de interesse pessoal e não é levado em conta para a análise econômica.

Valor de Troca: Mercadorias diferentes são trocadas como equivalentes, porque é possível fazer uma relação, já que elas têm em comum o tempo gasto para produzi-las.

•No estágio em que se encontra de desenvolvimento a sociedade atual, é possível saber qual o tempo médio que se leva para a confecção de cada produto.
O tempo social do trabalho é tomado como medida de valor.

Valor da Força de Trabalho:

Determinado pelo tempo de trabalho social despendido para sua produção e reprodução, isto é, para a manutenção do trabalhador em condições de produzir e de manter os filhos que vão substituí-lo um dia no mercado de trabalho.

Na massa de salários pagos está incorporado o valor social da produção dos alimentos, vestuários, transportes, moradias, etc. necessários aos trabalhadores.

É por esse valor que os patrões pagam os salários e compram as jornadas de trabalho.

A Mais-Valia é o valor a mais produzido pelos trabalhadores, além daquele pago pelo patrão no salário trocado pela jornada de trabalho.

Os homens não precisam trabalhar todos os dias e todas as horas do dia para sua sobrevivência.

O avanço tecnológico permite que se trabalhe algumas horas diárias conforme a sociedade permite.

Mas o patrão comprou todas a jornada de trabalho. Ela se compõe de um tempo de trabalho necessário (que é pago) e um tempo de Sobretrabalho (que não é pago e gera a Mais-Valia).

Exemplo (real):

Valor da Força de trabalho do Proletário: equivalente a 16 horas/mês Jornada de trabalho: 08 horas/dia
Em 30 dias = 240 horas

A empresa precisa de 88 horas de produção (11 dias de trabalho) para repor matérias-primas e pagar as demais despesas.

A empresa precisou de 02 dias para pagar o salário do empregado!

Assim o trabalhador produziu, em 01 mês, o necessário para o patrão pagar seu salário em 02 dias, os custos em 11 (13 dias para as contas) e 17 dias (136horas) de Mais-Valia! apropriados gratuitamente.

A empresa de Computadores produz 01 computador por hora. 08 x 30 = 240 computadores/mês

O empresário precisou vender 16 computadores para pagar os empregados, 88 para cobrir as despesas de produção e 136 foram produzidos de graça pelo sobretrabalho gerando a Mais-Valia!

O Bicho (Manuel Bandeira)

Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.

Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.

O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.

O bicho, meu Deus, era um homem!
* Helder Molina 
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terça-feira, 11 de outubro de 2011

“O Ministério do Trabalho está aparelhado”, diz pré-candidato à presidência da CUT


Para Vagner Freitas, atual gestão no Ministério do Trabalho favorece Força Sindical. O estranhamento com o ministério de Carlos Luppi (PDT), no cargo desde 2007, está produzindo um discurso mais independente da central sindical em relação ao Executivo federal. "Nós somos críticos ao fato de o Ministério do Trabalho ter uma definição claramente favorável a uma central sindical. E denunciamos isso publicamente", afirma.


“O Ministério do Trabalho está aparelhado para favorecer uma central sindical”, afirmou, para a Carta Maior, o mais provável futuro presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, ao final da 13ª plenária da central sindical, que ocorreu de 4 a 7 de outubro, em Guarulhos. O estranhamento com o ministério de Carlos Luppi (PDT), no cargo desde 2007, está produzindo um discurso mais independente da central sindical em relação ao Executivo federal.

“A CUT não indica ministério porque não tem relação com o governo. Nós somos críticos ao fato de o Ministério do Trabalho ter uma definição claramente favorável a uma central sindical. E nós denunciamos isso publicamente. Isso não significa que nós temos melhor ou pior relação com o governo. Estamos falando especificamente em relação ao privilégio que o Ministério do Trabalho concede a outras centrais sindicais”. 

Para Freitas, o aparelhamento do Ministério do Trabalho não deu à Força Sindical inserção na base cutista. Mas, de qualquer forma, isso determina privilégios à central que tem mais cargos no Ministério. “Os sindicatos ligados à Força terão mais possibilidades de serem validados, não por mérito da Força, mas por diferença de tratamento dado pelo Ministério.”

Concorrem a um mandato de presidente da CUT dois candidatos, ambos da tendência majoritária Articulação, mas ainda assim a plenária, com cerca de 600 participantes, manteve-se em clima ameno. 

Vagner Freitas, bancário do Bradesco, e Jacy Afonso, do Banco do Brasil, querem suceder a Arthur Henrique, eleito consensualmente em 2006. Freitas é considerado o candidato mais forte da corrente que tem um predomínio histórico e absoluto na entidade. Para tentar evitar que existam duas chapas do mesmo grupo político no congresso, a tendência pretende realizar uma plenária sindical em março a fim de entrar em consenso em torno de um nome.

“Vamos discutir internamente e chegar unificados no congresso”, disse Vagner, que preferiu não explicar a diferença entre as pré-candidaturas a serem votadas no Concut em julho. A entidade ainda está se acostumando a conviver somente com tendências internas do Partido dos Trabalhadores concentradas na Articulação, Tendência Marxista, Articulação de Esquerda, CSD (CUT Socialista e Democrática) e O Trabalho, já que todos os outros partidos romperam com a CUT e decidiram atuar em outros espaços.

Imposto sindical
Debate de pré-candidaturas à parte, a Central aprovou o início de uma campanha publicitária pelo fim do imposto sindical. O tema não é novo. Segundo o presidenciável, a entidade sempre defendeu esta bandeira, sem nunca a ter deixado de lado. A diferença é que em 2008, durante a legalização das centrais pelo governo Lula, os presidentes da CUT, Força Sindical, UGT (União Geral dos Trabalhadores), CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), NCST (Nova Central Sindical dos Trabalhadores), CGTB (Central Geral dos Trabalhadores do Brasil) assinaram um acordo para acabar com esse tipo de financiamento.

Os anos se passaram, os trabalhadores continuaram pagando involuntariamente um dia de seu salário em cada mês de março e as centrais arrecadaram cerca de R$250 milhões até 2010. Vagner, que é o atual secretario de Administração e Finanças da CUT, a que mais recebe, responsabiliza as demais centrais por escamotear esse debate. Segundo ele, esse tema separa bastante sua central das demais pelas diferenças na concepção sindical.

O histórico militante e fundador da CUT, Waldemar Rossi, 78, afirma que o fim do imposto sindical mudaria completamente o sindicalismo brasileiro, possibilitando inclusive sua maior politização. “O imposto sindical foi uma das formas que o Getúlio inventou para criar os pelegos tradicionais. Não precisando que o trabalhador se sindicalize, o dirigente sindical não tem nenhum interesse em organizar a categoria para lutar”, diz Waldemar. “Isso gerou um desvio nos sindicatos que passaram a fazer parte do sistema”, completa.

Diante da aprovação da campanha cutista, Waldemar é cético. “É mais pra ocupar espaço na política quando eles estão perdendo espaço nas suas bases”, diz, desconfiado do compromisso real das centrais diante inclusive na campanha pela redução da jornada de trabalho. “Por que eles não organizam uma greve geral para parar o país?”, questiona.

A proposta de financiamento levantada pela CUT é de contribuição negocial, a qual o repasse é feito a partir das negociações coletivas. Enquanto Vagner acredita que este seja um avanço por dar ao trabalhador a possibilidade de “aprovar” ou não o seu sindicato nas negociações, Waldemar não vê novidade, pois todos continuarão pagando, já que a decisão sobre a contribuição não será direta e individual do trabalhador.

No mesmo lugar
Waldemar diminui o descolamento entre as centrais, e opina que “o eventual conflito que terá entre eles não altera a sua relação de fundo”. Mas, além de criticar o PDT e sua antiga ambição em dominar o setor, Waldemar afirma que “o fato da presidenta Dilma fazer uma distribuição de ministérios não por competência, e sim por composição política, é a origem desse aparelhamento”.

Apesar da dura afirmação sobre o ministério, o atual dirigente da CUT descarta que haja qualquer alteração na relação com o governo. “A CUT não está mais à esquerda nem mais à direita, está no mesmo lugar”, diz Vagner. Já Waldemar sentencia que “de fato eles não tem interesse em tornar os sindicatos rigorosamente independentes do Estado, dos governos e dos partidos”.
Enviado por: Helder Molina

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Reunião da Tribo Uberlândia

Após o primeiro dia do XIX Congresso do SINTET-UFU, os componentes da Tribo Uberlândia aproveitaram a vinda das Coordenadoras da FASUBRA Léia e Graça, além de Paulo Henrique, e fizeram uma ótima reunião, onde foram discutidos assuntos como composição de chapa para nova coordenação, atual conjuntura política dos coletivos que estão inseridos na Federação, CUT e também a participação dos membros do grupo da Tribo de Uberlândia, tanto na coordenação do sindicato como na política da Universidade, além, é claro, dos anseios da categoria.

Abaixo algumas fotos tiradas durante a reunião, que contou com a presença de mais de 30 pessoas.




















segunda-feira, 3 de outubro de 2011

GREVE DE 2011: A LUTA CONTINUA... ERROS E ACERTOS – UM APRENDIZADO NECESSÁRIO?

Quem deixa de lado, por vontade ou esquecimento, uma parte
da verdade, cai mais adiante pela verdade que lhe faltou”.                                                 (José Marti, in Nossa América).

Com esta reflexão, o Coletivo Tribo e os independentes do campo cutista da FASUBRA esperam contribuir para o Balanço da Greve de 2011, levando em conta o conceito da palavra “balanço”,  despindo-nos da visão maniqueísta e da arrogância política de grupos que não se avaliam e  tampouco admitem que outros o façam.  Analisar os caminhos trilhados, os equívocos cometidos, os pontos positivos e negativos, contribuirá com o processo de depuração política da FASUBRA, na perspectiva da construção de esforço coletivo, em conjunto com aqueles que sempre estiveram na Luta - na Greve ou fora dela - e que tem o compromisso de fazer a Luta para trazer conquistas para a categoria.   Assim, as experiências das Greves mais recentes da FASUBRA (2005 e 2007) e a atual devem ser consideradas e comparadas, principalmente na forma de atuação coletiva e individual, para evitar a reprodução de prejuízos  irreparáveis para a categoria.

No transcorrer da Greve, lançamos o manifesto “EM DEFESA DA FASUBRA E PELA RETOMADA DO EIXO CENTRAL DA GREVE”, pois tínhamos clareza da complexidade do momento e das fragilidades da Greve, em virtude da secundarização do foco principal, uma vez que estavam sendo priorizadas as disputas político-partidárias, em detrimento da pauta que justificou a nossa entrada no movimento grevista, e as agressões, calúnias e provocações se sobrepunham ao mais elementar diálogo entre companheiros. Para alguns, lamentavelmente, essa Greve foi utilizada para antecipar a disputa do CONFASUBRA.

Não é a primeira Greve que fazemos e não será a última. Portanto, sabemos que a Greve não deve se limitar apenas a ações radicalizadas – precisa também analisar cenários, buscar apoios e desenvolver ações estratégicas para garantir vitórias, saindo do “internismo” das disputas fratricidas da FASUBRA. É necessário que se construam ações táticas para conquistar a estratégia, que é voltar à mesa de negociação, e  obter benefícios para nossa categoria, o que não aconteceu nesta Greve, em face dos equívocos cometidos.

Buscando aprofundar a análise sobre o significado desta Greve e as lições que a mesma nos deixou, reafirmamos o nosso compromisso em defesa da FASUBRA autônoma, independente, classista, voltada para os interesses da categoria e, sobretudo, democrática.


Antecedentes da Greve/2011

Dando consequência às resoluções da Plenária Nacional,  foram realizadas diversas atividades, dentre estes Marchas à Brasília, que contaram com a participação do conjunto dos SPF´s, cobrando a abertura de negociação. Como resultado da pressão, a Ministra do Planejamento Miriam Belchior abriu a negociação, consensuando com o movimento sindical a construção de agendas geral e setorial.

Na ocasião, foram cobrados do MP/SRH agenda e memorial das reuniões, acertando o calendário de início, meio e fim do processo negocial. Cabe destacar que a FASUBRA foi a primeira entidade dos SPF´s a ter reunião confirmada com a SRH/MP, além de reunião com o Ministro da Educação.

No debate com a SRH/MP, nas três reuniões realizadas na primeira fase, fomos informados de que a pauta apresentada seria problematizada. A FASUBRA questionou esta postura, cobrando do MP a apresentação de contrapropostas, por entender que a pauta já era conhecida. A categoria, por maioria – dois votos a mais – definiu, em Plenária Nacional, que não mais cabia investir na mesa de negociação. A compreensão era de que somente a Greve forçaria o governo a apresentar propostas na mesa, como também contribuiria para o aumento da mobilização das demais categorias dos SPF`s, visando à construção de uma Greve Geral.


O impasse do início da Greve

A Greve teve início sob a ameaça anunciada de uma crise econômica internacional, o que demandava, antes da sua deflagração, uma avaliação firme do contexto político e econômico em que estávamos inseridos, quais os cenários apresentados para a nossa Greve e as estratégias que possibilitariam conquistas para a categoria. Isto não aconteceu e a Greve  foi demarcada pela construção de ações sem a devida clareza de seus objetivos.

A legítima e salutar disputa de ideias foi rebaixada à desqualificação do campo cutista e cetebista, através de práticas jamais vistas em outras épocas. Algumas lideranças do movimento inauguraram um método lastimável de atitudes e comportamento e, em vez de dirigir energias para trabalhar avanços e conquistas, optaram por utilizar a calúnia e a difamação, pensando que com isso teriam, politicamente, mais lucros. Os interesses da categoria foram secundarizados e, lamentavelmente, poucos perceberam. Tais posturas devem ser consideradas, no Balanço da Greve como alguns dos motivos que inviabilizaram ganhos para a categoria. São práticas antissindicais que não combinam com a histórica forma de atuação da FASUBRA.

Assim foi defendido o cumprimento da agenda consensuada com o governo, com a participação da FASUBRA na audiência do dia 07 de junho e, a partir daí, seriam estabelecidas avaliações dos desdobramentos da mesa.  A FASUBRA conseguiria “dobrar” o governo na mesa, como já o fizemos em passado recente. A utilização da ferramenta da Greve somente após o esgotamento de todos os processos seria a estratégia correta, dando visibilidade a nossa forma de atuar e deixando o ônus do insucesso da mesa para o governo.

Continuamos convictos de que a Luta se faz em vários momentos e em diversos campos, desde a disputa na mesa de negociações até a deflagração da Greve.  O movimento sindical - e a FASUBRA em particular - não deve abrir mão do seu papel de negociar, defendendo até as últimas instâncias na mesa de negociação os interesses do conjunto da categoria.  Sair da mesa facilitou a intransigência e o ardil do governo, levando nossa entidade ao isolamento diante do conjunto do funcionalismo, que não abriu mão do processo negocial. Outras entidades foram persistentes na mesa, forçando o governo a estabelecer acordos que proporcionaram às respectivas categorias que representam, mesmo numa conjuntura adversa, ganhos salariais e compromissos formais que possibilitarão avanços nas conquistas para o próximo período.

Embora estivéssemos diante de um quadro adverso, investimos todo nosso potencial político junto às Centrais Sindicais(CUT e CTB), aos partidos políticos da base de sustentação do governo e aos reitores, buscando romper com a intransigência do governo, por entendermos que a forma de resolução de conflitos é através do diálogo – postura, inclusive, condizente com a Convenção 151 da OIT.

Entendemos, também, que a SRH/MP precisa rever sua forma de negociar com o funcionalismo federal.  Mesas intermináveis, sem resolutividade, comprometem a credibilidade no processo de negociação. Prazos devem ser fixados logo na primeira reunião, bem como é necessário que haja a devida clareza na apresentação de contraproposições por parte do governo. Caso isto tivesse ocorrido no documento enviado a FASUBRA, talvez  tivesse sido dado outro rumo para a nossa luta.


Sempre respeitamos as decisões emanadas das instâncias da FASUBRA

Mesmo vencidos em votação questionável (foram 63 votos a favor da greve, 61 votos contrários e 01 abstenção, quando havia 124 delegados credenciados, o que ensejaria recontagem de votos), que expressava uma nítida divisão da categoria, não fugimos da luta. Ao contrário de vários diretores que, logo após o término da Plenária, se ausentaram de Brasília, este campo permaneceu, tomando todas as providências para cumprir o que fora determinado, conforme a vontade da maioria. Não lamentamos os votos de nosso campo que, coerentemente, votou obedecendo ao que determinaram suas assembléias, e questionamos atitudes de delegados que não observaram a resolução de suas bases. Mantivemos a coerência até o final, quando o CNG-FASUBRA indicou a saída da Greve. Constatamos ainda na última reunião do CNG uma ausência de importantes diretores, fato que não criticaremos, pois respeitamos as particulares e motivações de cada um para se fazer presente ou ausente.


Descredenciar interlocutores é falta de maturidade política!

Descredenciar os interlocutores do governo, questionando autenticidade do documento do governo, atribuindo apelidos ou fazendo achincalhes, não é a melhor forma de expressar nossa posição política  contrária com o desenrolar dos fatos. Ao contrário, inflamou e tensionou, de forma desnecessária, as relações já fragilizadas, diante da deflagração da Greve para o dia 06 de junho, diante do fato de que, ainda, teríamos uma reunião agendada para ocorrer no dia 07 de junho. Isso, além de inoportuno, traduziu uma contradição: como retomar o processo negocial com alguém que, em nossos bastidores, é considerado mentiroso e dissimulado? Além de revelar falta de avaliação do contexto político, essa atitude comprometeu um processo instalado e legitimado por nós, uma vez que já havíamos comparecido a três reuniões, das quatro combinadas com a SRH/MP. Uma reflexão desse processo é necessária, para resguardar a ação política da FASUBRA em momentos futuros.


Autonomia das entidades de base

A estrutura federativa da FASUBRA tem por princípio o respeito à autonomia das entidades de base. Desde o acatamento da deliberação da entrada na Greve, passando pela posição estratégica de suspensão da mesma para negociar, a tempo de incluir na LOA/2012 recursos necessários para atender às demandas resultantes no acordo, e até mesmo  a saída da Greve sem aguardar a orientação do CNG, culminando com a orientação do CNG de saída unificada – como ocorreu nesse momento –, são decisões passíveis de serem seguidas ou não pelas entidades de base, devido à nossa forma de organização. E é por isto que as nossas orientações devem ser fundamentadas no consenso, a fim de que haja unidade na diversidade.

Não cabe, portanto, a nenhuma força política da FASUBRA acusar de traição, de pelegagem ou de fura-greve as posições das entidades de base. O respeito à autonomia, a tolerância às divergências e a observância às peculiaridades das entidades é dever de todos assim como o esforço no respeito às diferenças e a busca de conquistas para categoria devem ser compromisso central da FASUBRA, para que esta Federação continue sendo exemplo de democracia para o conjunto do funcionalismo.


A estratégia  de Suspensão da Greve para negociar

O esforço coletivo do CNG, envolvendo o ministro da educação, parlamentares e centrais sindicais, forçou o governo a apresentar um documento, além de induzi-lo a estabelecer um compromisso com a categoria quando, na pessoa do Ministro Fernando Haddad, o mesmo afirmou, em cadeia nacional no Congresso, que os resultados da negociação seriam contemplados na LOA/2012.

Não é a primeira vez que a FASUBRA negocia em ambientes adversos. Já vivenciamos momentos de Luta no passado, principalmente durante o governo FHC, onde fazíamos Greve para abrir negociação  e, mesmo naquele período a condução foi muito diferente do que fizemos em 2011!

O documento enviado pelo governo (assinado por dois ministérios), sem dúvida nenhuma trazia em seu bojo compromisso de inclusão no Orçamento de 2012 dos resultados da mesa de negociação, desde que suspendêssemos a Greve. O documento não respondeu aos pontos da pauta da FASUBRA, mas apresentou dois dados importantes que colocariam a FASUBRA na ofensiva, retirando-a da posição de expectadora e de observadora frente às demais entidades que estavam negociando, mesmo questionando a morosidade do processo. O documento assegurava: a)  envolvimento dos parlamentares como testemunhas da disposição do governo em negociar com a categoria e do Ministro da Educação como interlocutor na mesa de negociação, assumindo compromisso com o cumprimento dos prazos; b) indicações concretas, que serviriam de ferramenta para a FASUBRA cobrar do governo celeridade e resolutividade nas negociações, buscando a inclusão, na LOA/2012, de recursos para serem investidos na tabela salarial, como também avançar nas negociações dos demais itens da pauta.

A estratégia da suspensão não tinha a pretensão de decretar o fim da Greve e possibilitaria colocar a FASUBRA na ofensiva frente ao governo, com testemunhas importantes (parlamento, reitores e centrais) – diferentemente do que alguns afirmaram.

A FASUBRA já suspendeu Greve em momentos passados. Portanto, esse ato não representava nenhuma novidade no movimento e tampouco traição. Pelo contrário, demonstrava capacidade de entendimento da conjuntura e de estratégia na condução da Greve, buscando assegurar ganhos para a categoria.

Outro dado novo a ser considerado em nossa avaliação é a prova concreta de que caso tivéssemos investido na negociação, teríamos sido exitosos.  Esta convicção é baseada em vários fatores, dentre os quais a nossa capacidade de convencimento na mesa em defesa de nossa tese tem como aval e interesse político do Ministro da Educação em assegurar êxito à nossa negociação. Teríamos prioridade nas negociações e sobre isto não temos dúvida, dado o envolvimento do parlamento, reitores e do próprio Ministro da Educação, conforme demonstrado no  documento.

A saída da mesa de negociação exige que reflitamos: estamos, de fato, preparados para uma disputa, num contexto de negociação coletiva no serviço público, com todos os ritos a serem seguidos, e dentre eles, a necessidade de investimento até a exaustão na mesa de negociação, bem como os limites para a atuação - ou falta dela - do governo no transcorrer da negociação?


Contra fatos não há argumentos!

Nossa posição é reforçada ao constatarmos que as entidades as quais investiram na negociação, tais como o ANDES e a CONDSEF, foram vitoriosas. Independente das limitações do acordo, ambos conseguiram conquistas para a categoria. Esse é o papel do sindicato - investir sempre na negociação, usando a ferramenta da Greve apenas quando a negociação não mais for possível.  Temos que ter essa clareza para o futuro: a Greve não é o início, mas o fim do processo! Além disso, é preciso  lembrar que nunca fomos contrários ao mérito da Greve, mas apenas ao momento de sua deflagração – é só resgatar os registros e conferir!

É importante termos a clareza de que a luta não é feita somente em momentos de Greve e, sim, no compromisso cotidiano da categoria e, principalmente, da DN da FASUBRA.

Por isso respeitamos a decisão soberana das entidades de base, que deliberaram pela Suspensão da Greve, como também daquelas que aprovaram a Continuidade da Greve, sem fazermos nenhuma acusação.


Denúncia de falsificação de documento

As decisões de algumas Assembleias de Base, contrárias ao convite do governo de sentar para negociar em  ambiente fora da Greve, foram motivadas por “mentiras, calúnias e achincalhes” tal como a acusação, feita por membros da própria DN da FASUBRA, de falsificação do documento oficial do governo. Lamentavelmente, não se discutiu o mérito da proposta apresentada pelo governo. A FASUBRA chegou ao ponto de solicitar do governo a comprovação de autenticidade do documento – no que foi prontamente atendida!

Falsificação de documento oficial do governo é motivo de punição para funcionários públicos, por isso cobraremos dos que nos caluniaram o ônus da prova.  Não podemos compactuar com este tipo de ação despolitizada, pois a disputa deve ser restrita ao embate de idéias, nunca à moral e à honra de companheiros de luta, mesmo que sejam opositores políticos.

A recusa da proposição do governo e a permanência das demais entidades na mesa de negociação aprofundaram o isolamento da FASUBRA. O CNG, nesse período, majoritariamente conduzido pelo VAL e pelo BASE, passou a pautar suas ações na desqualificação das entidades que aprovaram a suspensão da Greve, em vez de pensar estratégias para provar que a tese de recusa da proposta do governo era a mais correta. Foram várias semanas sem avaliação e sem estratégias, nas quais prevaleceram práticas que não coadunam com uma “boa luta”.


CNG  dirigido pelo VAL e pelo BASE

A marca do CNG, dirigido pelo VAL e pelo BASE, com as devidas exceções, foi de extrema arrogância. Em face da sua maioria política circunstancial, não era admitida a construção coletiva. Portanto, qualquer proposição apresentada pelo campo cutista e cetebista não era sequer considerada. O mais lamentável é que membros da própria Direção contribuíram para o tensionamento das relações no CNG. Tivemos muito trabalho em fazer a nossa defesa, conversando e explicando que no movimento não existem traidores e nem pelegos.  Existem formas diferentes de ver o movimento e a conjuntura, de encaminhar a Luta e do compromisso por parte dos dirigentes com o cotidiano da FASUBRA.   Neste período de Greve, a DN errou ao abdicar do seu papel de dirigir e coordenar.

Ao contrário de greves passadas, não houve esforço de pensar coletivamente, analisar cenários e construir ações com objetivos claros, que possibilitassem trazer conquistas para a categoria. O isolamento da Greve, mesmo com a realização de marchas e atos nacionais, tendo em vista a proximidade do prazo de fechamento do orçamento/2012, fez com que o CNG solicitasse às centrais sindicais e à representação do PT e do PCdoB que as mesmas procurassem o governo, buscando apresentação de contraproposições para superar o impasse. A posição do governo, repassada por esses intermediadores, não foi acatada pelo CNG que, de forma unânime, foi contrária a rebaixar o eixo da Greve. Passaram-se mais de 15 dias nessa expectativa, o que deixou o CNG em compasso de espera e as lideranças do movimento sem capacidade de pensar alternativas, visto que o debate interno, com racionalidade, em  momento algum foi possível. 


Traídos e Traidores

Lamentavelmente, o interesse da categoria ficou relegado a um segundo plano. As discussões não foram pautadas sobre o quê fazer para trazer conquistas para a categoria, mas, sim, em como atuar para derrotar o campo cutista e cetebista!

O saldo da Greve comprova que foram canalizadas energias para caluniar e difamar companheiros em detrimento do objetivo central da Greve.  A deformação dos fatos foi a máxima dessa Greve. Ao invés de manter a categoria informada sobre o movimento, estratégias e ações desenvolvidas, propagaram-se calúnias e mentiras, inclusive de falsificação de documentos oficiais do governo. Predominou a difusão de acusações infundadas, desqualificando-se companheiros de longos anos de luta.  Os mesmos que apontavam o dedo acusando companheiros(as) da DN do campo cutista e cetebista agora trocam acusações entre si – prova de que essa prática é insana e inconsequente!

O que pode ser verificado foi a ausência total da tolerância e de diálogo, o que dificultou sobremaneira a construção da unidade na ação, mesmo com a diversidade de pensamento, como o melhor caminho a trilhar. Aliado a isso, as ameaças, incentivadas por alguns diretores da FASUBRA, num desrespeito frontal ao estatuto e à democracia dessa entidade, questionando o mandato de parte da direção da FASUBRA, acirrou o divisionismo na categoria de técnico-administrativos em educação.

Mais uma vez afirmamos que não existem traidores e nem traídos na FASUBRA! Todos os debates foram realizados abertamente e disputados democraticamente, sejam nas assembleias de base, nas plenárias da FASUBRA  ou no CNG. Portanto, essa acusação não cabe a nenhuma força política organizada na FASUBRA que, no exercício de sua autonomia, tomou as suas decisões.

Continuaremos atuando para dar consequência às aspirações da categoria e respeitando nossos adversários políticos, sem jamais caluniá-los ou golpeá-los, da forma como fomos atacados!


Papel da Direção Nacional da FASUBRA

O dirigente comprometido agrega, entre seus compromissos, o de não incentivar o divisionismo, com base em práticas antissindicais.  A disputa política é importante, mas a divisão da categoria só enfraquece a FASUBRA. Todos os dirigentes da FASUBRA e o conjunto da categoria viram-se envolvidos na “trama” tecida pelas contradições do próprio movimento, que nos obriga, pedagogicamente, a reviver o  processo de construção da Greve, clamando pela defesa  da FASUBRA, de suas instâncias democráticas e das regras construídas pelos próprios trabalhadores.  É necessário aprender e não mais repetir a prática da arrogância política de maioria circunstancial, assumindo o nosso papel de condutores que nos coloca a responsabilidade de não apenas marchar, mas de avaliar o caminho que estamos trilhando a cada passo que damos, enfatizando o que é melhor para a categoria e não somente para nosso agrupamento político e/ou interesses pessoais.


Greves de 2005 e  2007

É fundamental para este processo avaliatório que nos recordemos de dois diferentes momentos de realização de Greve da nossa categoria, que foram os anos de 2005 e 2007, com as suas práticas e resultados tão diversos. Pensávamos que  todos tivéssemos aprendido com a Greve de 2005, dirigida pelos nossos adversários políticos, e que terminou sem qualquer ganho para a categoria, e com a Greve de 2007, na qual,  coletivamente, as forças que compunham o movimento, mesmo com as diferenças ideológicas, não abriram mão do diálogo, visando à construção de consensos, sempre colocando o interesse da categoria acima de quaisquer disputas. Isto fez a diferença e a consequência daquele esforço foi, até o momento, um dos maiores ganhos financeiros da categoria, totalizando mais de 3,2 bilhões, divididos em três anos (2008, 2009, 2010).


 Judicialização da Greve

Um fato novo enfrentado nesta Greve, por nós repudiado, foi a postura do governo, levando para o campo jurídico o impasse criado com a Greve.  A CUT e os parlamentares do nosso campo político manifestaram-se contrários a esta atitude, cobrando do governo a abertura de negociação com a FASUBRA em Greve. Ademais, a partir inclusive das orientações oferecidas por nossa Assessoria Jurídica, apontávamos para este risco, com o qual deveríamos ter especial atenção, mas infelizmente tudo em vão, não nos ouviram!

A judicialização da Greve coloca na ordem do dia a necessidade de regulamentação da negociação coletiva, definindo os ritos da negociação, explicitando o que cabe ao governo e ao movimento sindical nesse processo. Esse debate tem que ser feito fora do ambiente da Greve, com a seriedade necessária, cobrando do governo uma postura diferente no trato dos conflitos com os trabalhadores.


A categoria se renova!

Nos últimos anos, foram realizados diversos concursos públicos, possibilitando o ingresso na Universidade de um contingente expressivo de trabalhadores. Isto é, em parte, o resultado concreto da nossa luta, durante o governo Lula.

Em nossas entidades de base temos consciência da necessidade de organizar esse contingente de trabalhadores - mesmo em estágio probatório -, possibilitando aos mesmos a participação na luta. Esta atuação tem sido uma prática constante nos vários Sindicatos da base da FASUBRA, independente de sua opção política, o que pode ser demonstrado pela participação dos novos trabalhadores nesta Greve.

Portanto, não é possível admitir o incentivo ao divisionismo e à polarização entre “recentes” X “antigos”.  Somos uma única categoria e temos a obrigação política e moral de construirmos a unidade na luta, com a participação de todos - ativos e aposentados, antigos e novatos. Todos são benvindos e necessários para a “boa luta”!

Temos que continuar lutando por concursos públicos e em defesa do PL 2134/2011, que autoriza a abertura de 77.178 cargos para concurso público nas IFES, dentre estes 27.714 para técnico-administrativos em educação o que comprova que não somos uma categoria em extinção, em que pese a manutenção da terceirização de alguns cargos estratégicos e a demanda ainda existente por mais concursos.

E é esta a mensagem que deixamos para nossos companheiros recém ingressos na Universidade e para os que ainda lutam por uma oportunidade de trabalho: por eles continuaremos na Luta, e não apenas por concurso, mas também por salários e condições dignas de trabalho.

Júlio Dantas in Páginas de Memórias dizia: “A mocidade, em geral, não cria; utiliza, transformando-o, o legado que recebeu. Juventude e velhice não se opõem; completam-se na harmonia universal dos seres e das coisas. A vida não é só o entusiasmo dos moços; nem só a reflexão dos velhos; não está apenas na audácia de uns, nem apenas na experiência dos outros; realiza-se pela magnífica integração das virtudes contrárias, sem a qual não seria possível, em todo o seu esplendor, a marcha da humanidade”.

Com esta reflexão queremos afirmar que não comungamos com divisionismos. Somos uma categoria única, independente do tempo de casa, da condição da relação de trabalho ou da força política em que nos organizamos.  Apostar na divisão é colocar  a categoria numa rota de colisão, num campo de batalha, o que poderá comprometer a ação política da FASUBRA daqui para frente. Não é possível concordar ou reproduzir a disputa fratricida que afasta, em vez de acolher e incluir!


Acordo do ANDES e da CONDSEF

Não nos cabe criticar os Acordos feitos pelo ANDES e pela CONDSEF.  No passado, não admitimos que nos criticassem em função de nossas opções políticas. Temos que respeitar a autonomia dessas entidades e reconhecer que estas se esforçaram para fazer o seu papel, na busca de conquistas para as categorias que representam. Afinal esse é o papel dos sindicalistas e de suas  instâncias representativas.


Saldo da Greve: Lições que não devem ser ignoradas

A FASUBRA tem um patrimônio histórico que nos orgulha, com especial destaque para o exercício da democracia e a persistência no debate interno, visando sempre construir consensos, principalmente em momentos de enfrentamento com o governo.

Essa forma de conduzir o movimento demanda análises  relativa à forma como foi deflagrada a Greve em 2011, ficando para reflexão a seguinte questão: será que não deveríamos ter insistido um pouco mais na busca do consenso?  O fato de que apenas 18 entidades deflagraram a Greve no dia 06 de junho e, dentre estas, estarem entidades do campo cutista, demonstra que deveríamos ter nos esforçado um pouco mais na construção de uma data consensuada.

Na instalação do CNG, entre as entidades dirigidas pela Coordenação Geral da FASUBRA, a que estava em Greve desde o dia 06 de junho era do campo cutista.  Como não nos cabe  julgar os motivos da não adesão imediata das demais, não acusamos aquelas que não conseguiram deflagrar a Greve na data definida pela Plenária de fura greve, pelegas, traidoras ou quaisquer outras palavras pejorativas, que aliás foram bastante utilizadas neste movimento, como expressão da verdade para aqueles que se auto-denominaram “revolucionários”.

Não agimos assim porque sabemos das particularidades de cada entidade e respeitamos a autonomia das mesmas. Não devemos nos esquecer de que a FASUBRA não é um sindicato nacional, que decide qualquer coisa por decreto e pune aqueles que, por motivos diversos, tem entendimento diferente.

Deve ficar claro para todos nós que não houve posição contrária ao mérito da Greve e sim ao momento e método da sua deflagração, sem planejamento - o que facilitou ao governo manter sua intransigência, justificada pela permanência das demais entidades na mesa de negociação, à revelia da posição da FASUBRA.

Iniciamos a Greve sem analisar os cenários e as estratégias necessárias para se atingir  os objetivos.  Nos primeiros vinte dias, não houve uma participação ativa sequer do conjunto da DN, fato comprovado observando-se a ausência de vários diretores no CNG. Nós, do campo cutista, estivemos presentes desde o início, e fizemos o que era possível, buscando furar o “bloqueio” imposto pelo governo. Obtivemos apoio dos parlamentares, do Ministro da Educação, dos reitores e das Centrais Sindiais (CUT e CTB), buscando garantias do governo quanto à resolutividade do impasse, através do processo negocial.

Todo esse esforço foi em vão, pois infelizmente logo foi possível perceber que a real motivação da Greve era  destruir o campo cutista e cetebista. Mais uma vez foi desqualificado o papel do parlamento, do próprio Ministro e dos reitores. Contraditoriamente, nos momentos finais da Greve, buscou-se novamente o apoio do MEC, dos parlamentares e das Centrais – o que revela as contradições dos que apostaram na Greve para derrotar o governo e companheiros de luta.


ESTÓRIAS” POR FALTA DE PERSPECTIVA POLITICA

Atendendo a interesses alheios aos da categoria, insistiu-se muito na manutenção da Greve sob a argumentação de que “não havia limites de prazo para inclusão de reajuste salarial no orçamento de 2012”.  Mostrou-se, ainda, o desconhecimento do conteúdo da LDO 2012, que determinava o prazo de 31 de agosto de 2011 para encaminhamento de projeto de lei ao Congresso Nacional, mesmo diante de apresentação do parecer de nº 7, da Assessoria Jurídica da FASUBRA e do DIAP. Aliás, parecer este que não foi divulgado no IG, e que confirmava a tese defendida por nós de esgotamento do prazo. Diante deste fato, fabricou-se o mês de outubro como a data final para inclusão de valores para o reajuste salarial, criando uma falsa expectativa na categoria. Ainda, não se dando por satisfeitos, os agrupamentos VAL e BASE, numa tentativa de fugir à responsabilidade, anunciaram a possibilidade de reajuste salarial através de emenda parlamentar.

 Esta é uma propaganda enganosa e também perigosa, pois compromete a nossa credibilidade enquanto organização. É de conhecimento amplo que compete tão somente ao Presidente da República legislar sobre despesas com pessoal, conforme Artigo 61 § 1º da Constituição Federal, assim como é vetado aos Deputados e Senadores apresentação de emendas ao orçamento conforme disciplina o Artigo 63, Inciso I da Constituição Federal, que trata de aumento de despesas de pessoal no executivo.

Assim, qualquer emenda apresentada por parlamentar não terá efeito por vicio de origem, servindo tão somente para campanha política em 2012, além de levar a categoria mais uma vez a ter esperanças de recuperação dos prejuízos em 2012. Qualquer possibilidade nesse sentido só ocorrerá se o poder executivo tomar a decisão quando do ajuste do Orçamento/2012, no uso se sua prerrogativa constitucional.


A EMENDA DE 01 BILHÃO REBAIXA O EIXO DA GREVE

A proposição de resolução do eixo da Greve, através de Emenda Parlamentar, além de criar uma falsa expectativa na categoria, rebaixa o eixo da Greve, pois abandona a reivindicação histórica e congressual da FASUBRA de lutar por três salários mínimos para o piso da Tabela. Além disso, levanta-se a seguinte questão: se o parlamento pode resolver esta demanda, por que não o fez antes?

 Desta forma, é possível afirmar que as contradições são ainda mais aprofundadas. Em determinado momento da Greve, foi utilizado o artifício de se denunciar que as Centrais Sindicais estavam propondo à FASUBRA que rebaixasse o seu eixo de luta, o que foi inteiramente falso. Porém, ao final da Greve surgiu  a proposição de Emenda Parlamentar sem sequer haver um debate interno e sem considerar as avaliações acerca do tema. Para nós, esta foi uma clara demonstração da irrelevância com que foi tratada uma questão tão importante para a nossa categoria – os ganhos financeiros para 2012. A (má) utilização político-partidária do nosso eixo de greve é uma afronta à nossa Luta.


CNG INDICA FIM DA GREVE POR 57 VOTOS A 16

Foram 110 dias em Greve e, com o fechamento do Orçamento de 2012, o esgotamento das possibilidades de pressão frente ao governo para atingir o eixo da Greve ainda para o ano de 2012, a assinatura dos acordos do ANDES e CONDSEF, a saída da Greve de duas Universidades do Rio Grande do Sul (dirigidas pela ASSURGS), e também com as dificuldades de várias entidades em manter a Greve, o CNG indicou a saída unificada da Greve.

É preciso ter coragem para assumir o papel de Comando Nacional da Greve. Há momentos em que o movimento nacional precisa orientar sobre qual é a melhor opção política. Assim, tentou-se, então, construir para todas as entidades da nossa base uma saída unificada, evitando-se um término descoordenado. As dificuldades de construção da saída do movimento se agravaram ainda mais, principalmente considerando o cenário negativo, onde a categoria não identificava nenhuma conquista, depois de tanta Luta. E mesmo contemplando Fernando Pessoa, de que “Tudo vale a pena quando a alma não é pequena”- são inevitáveis os questionamentos!

O campo cutista não indicou a data de saída da Greve, mas nós concordamos com a proposição apresentada pelos companheiros do agrupamento BASE, mantendo nossa coerência de construção unificada na Luta, apesar de todas as diferenças e tensionamentos ocorridos no transcorrer do movimento.

Mas, de forma paradoxal, embora novamente nós estejamos acatando a posição da maioria, e desta vez significativa e inconteste, ainda assim assistimos com perplexidade parte daqueles que nos acusaram de traidores, fura–greve e pelegos, trocarem acusações, sugerindo às suas entidades que, novamente, desrespeitem a decisão do CNG! E o que é muito grave: acusam as entidades que acataram a decisão majoritária do CNG de descompromissadas com a luta, de despolitizadas etc. É inacreditável, mas a história se repete!

O discurso é o mesmo e, nessa lógica maniqueísta tentam, a qualquer custo, apontar culpados e traidores. Sendo assim, a “verdade” é privativa de alguns poucos “iluminados”.

Não apontaremos culpados pelo fato de o movimento grevista não ter cumprido com seu objetivo, que era a busca de ganhos salariais para 2012, pois todos perdemos, e esperamos que tenhamos também aprendido novas lições. Se não houve ganhos, o resultado atinge ao conjunto, e agora precisamos nos unir para avançar e recuperar o prejuízo.

Continuaremos na Luta em defesa dos interesses maiores, em favor da categoria, trabalhando pela implementação das resoluções emanadas das instâncias da FASUBRA e respeitando nossos adversários políticos, sem jamais apelar para práticas que em nada combinam com a nossa identidade de trabalhadores técnico-administrativos  em educação – condição que exige de todos nós uma prática cotidiana, condizente com o mundo que preconizamos construir, no qual imperarão a justiça social, a cidadania e a liberdade.


“Pouco importa o julgamento dos outros. Os seres são tão contraditórios que é impossível atender às suas demandas e satisfazê-los. Tenha em mente simplesmente ser autêntico e verdadeiro...”
(Dalai Lama)