terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Cisão nadireção do Andes pode isolar PSTU

Ás vésperas do início do processo eleitoral no Andes-Sindicato Nacional, o grupo majoritário da corrente “Andes Autônoma e Democrática” (Andes-AD), que controla a entidade desde seu surgimento em 1988,decidiu desvincular-se do PSTU, montando e inscrevendo chapa própria para a disputa da diretoria. O grupo majoritário da Andes-AD é constituído por setoresdo PSOL e outros setores da CSP-Conlutas.

“Trabalho Docente e Compromisso Social”, chapa inscrita pelo setor que rompeu com o PSTU, tem na cabeça Marinalva Oliveira (UFAP) e nasecretaria-geral Márcio de Oliveira (da UFJF, e que já ocupa o posto na atual gestão), e deverá contar com outros nomes de expressão, como Marina Barbosa (UFF,atual presidente) e Luiz Henrique Schuch (UFPel).

Desde a reforma da Previdência (2003) e as cisões decorrentes no movimento sindical e no PT, o movimento docente e a direção do Andes-SN passaram por uma reconfiguração. A entidade passou a ser dirigida por uma coalizão PSOL-PSTU, que conseguiu, num primeiro momento, retirar o Andes-SN da CUT; e, depois, fez com que ingressasse na Conlutas. Por outro lado, a maiorparte do setor que permaneceu no campo da CUT optou por uma linha chapa-brancaque desembocou na criação do Proifes, substituindo a disputa interna no Andes-SN por uma disputacontra o Sindicato Nacional.

Nos últimos anos, acirraram-se as tensões no interior da Andes-AD, ou seja, dentro da coalizão PSOL-PSTU. A gota dágua no relacionamentoteria ocorrido na convenção eleitoral do grupo, diante da proposta do PSTU de ficar com cinco dos 11 cargos da executiva, inclusive presidente e secretário- -geral. Com isso, a convenção implodiu.

O PSTU denunciou que houve um “golpe na convenção eleitoral da Andes-AD”, uma vez que as “forças majoritárias, ao se verem confrontadas coma necessidade de respeitar as regras e critérios deliberados na Pré-Convenção(Maringá, 2011), para compor a chapa que iria concorrer à Diretoria do Andes-SN, preferiram abandonar esta organização” (Andes-AD).

Na mesma nota, afirma que a Andes-AD “foi dissolvida pelo seu setor majoritário; a maioria decidiu que a minoria (que esteve presente em várias diretorias) não deve fazer parte da nova direção. Na verdade, para barrar uma visão política, ela busca liquidar a possibilidade de muitos militantesparticiparem da vida do Sindicato”.

Legitimidade

A maioria do (ex) Andes-AD credita o rompimento a profundas divergências quanto à política de alianças, diante da necessidade de sobrevivência do próprio Sindicato Nacional: “O processo que levou à discussão da chapa fora da convenção da Andes-AD tem raiz nas inquietações sobre o futuroda legitimidade do Andes-SN na base. O quadro de indicações dos núcleos da Andes-AD revelou- se drasticamente limitado, concentrado em cerca de apenas um terço das seções sindicais do Andes-SN (30 núcleos indicaram, mas aproximadamente a metade compunha a maior parte das indicações). Assim, na prática,os cargos da direção nacional estariam sendo disputados por perto de 20% das seções sindicais da base do Andes-SN”.

Tal desequilíbrio, bem como “a ausência de uma discussão estratégica sobre o perfil da nova diretoria”, que levasse em conta “as transformações no trabalho docente”, a “ofensiva para-governamental” (Proifes) “eas dificuldades para a classe trabalhadora em virtude do aprofundamento da crise estrutural do capitalismo” e de sua repercussão na educação pública e sobre as IES, teriam provocado, na convenção da Andes-AD de 16/1, “um vigoroso debate sobre a necessidade de redimensionar a política de alianças da corrente”.

Contudo, os representantes do PSTU e de seu campo teriam sustentado que “a política de alianças deveria ser aplicada exclusivamente para preencher as lacunas para completar a chapa, o que significava manter a composição restrita da chapa”, apresentando como único argumento “o respeito às regras jáestabelecidas para a convenção, em julho de 2011”.

Para a maioria, “as reacomodações políticas advindas da eleição de Lula da Silva e, particularmente, da criação do Proifes e da consequenteausência de oposição eleitoral”

fizeram da corrente Andes-AD um “mero espaço de disputa para a montagem da chapa, perdendo suas características de lugar de elaboração teórico-política, de debate tático e estratégico sobre os embates enfrentados pelo movimento docente e, sobretudo, de lugar em que a concepção sindical que inspirao Andes-SN é permanentemente discutida”. Teria ocorrido uma “burocratização dacorrente como espaço de disputa do controle do aparato do sindicato”.

A composição definitiva da Chapa 1 deverá ser apresentada até20 de fevereiro. A reaproximação dos dois grupos é improvável. Caso a ruptura se consolide, o PSTU ficará de fora da próxima gestão do Andes-SN.

Chapa 2

Mesmo sem o PSTU, haverá uma segunda chapa na disputa,claramente inclinada à direita: “Andes-SN para os professores”. O manifesto da Chapa 2 afirma que o fortalecimento da entidade “exige uma condução pautada pelo respeito às diversas tendências políticas e ideológicas existentes nointerior da base do movimento e suas questões debatidas, de forma ampla e democrática, sem cair na tentação de se tornar uma correia de transmissão departidos políticos”. Assim, prossegue, “no embate com o Governo, nem a direção do Andes-SN, nem a do Proifes, têm representado adequadamente os interesses dosdocentes, distanciando-se das bases”.

O candidato a presidente da Chapa 2 é Ebnezer Maurílio Nogueira da Silva (UnB) e o secretário-geral Juvenal Theodozio Lopez Fonsêca(UFRPE).

Pedro Pomar éjornalista e dirigente do PT
( fonte: Jornal 13 - Articulação de Esquerda)

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