quarta-feira, 13 de abril de 2011

ELEIÇÕES NA ASSUFBA – SERÁ QUE COMBINAM COM NOSSA HISTÓRIA?

O povo brasileiro viveu, durante mais de duas décadas um dos períodos mais obscuros e tenebrosos de sua história, em que torturas, mortes, desaparecimentos e cerceamento das liberdades individuais aconteceram aos montes, criando angústia, revolta, dor e sofrimento para muitas lideranças políticas, sindicais e cidadãos comuns. No entanto, esse tempo foi superado graças à tenacidade e resistência, demonstradas na capacidade de luta e de organização do povo.
O Brasil, após superar a ditadura militar, passou a respirar outros ares, em que a tolerância e as liberdades individuais passaram a ser uma constante em todas as esferas de organização do poder. O País, portanto, à medida que o tempo avançou, assistiu, principalmente na última década, o crescimento e o desenvolvimento das diversas áreas de organização da sociedade.
Nesse contexto destaca-se o movimento sindical, que passou a gozar de liberdades jamais experimentadas, com o surgimento de centrais sindicais, sindicatos e muitas outras organizações sociais, com variadas funções, buscando organizar a sociedade para a conquista e a defesa de suas demandas. Isso contou, inclusive, com o incentivo do governo federal, exercido nos últimos oitos anos por um operário, com origem e larga atuação sindical e política.
Os sindicatos passaram então a gozar de prestígio e, por isso mesmo, tornaram-se palcos de acirradas e complicadas disputas. Fato que, observado à luz dos novos tempos, sob a ótica do que preconiza a organização social e política brasileira, em que a democracia e o império das leis regem as relações sociais, é bem vindo e esperado, como legítimo exercício de cidadania.
Por outro lado, aqueles que, durante uma disputa eleitoral, agem ao arrepio das leis, agindo de forma truculenta e antidemocrática, além de estarem negando a existência do Estado Democrático de Direito, duramente conquistado, estarão também cumprindo um desserviço à memória dos muitos que sofreram os horrores dos porões da ditadura e pagaram com a própria vida, o preço das conquistas para que a sociedade brasileira chegasse ao atual estágio.
Os fatos que ocorreram durante as “eleições da ASSUFBA” são, portanto, um lamentável exemplo, do que jamais deve ocorrer em disputas sindicais, principalmente considerando-se o lócus e os protagonistas dessa disputa: uma histórica e respeitável instituição de ensino superior (UFBA) e seus milhares de trabalhadores em educação – partícipes dos mesmos dramas e agruras, devedores, por isso, de solidariedade, respeito e zelo em relação às leis.
O exemplo do que ocorreu nos corredores e cercanias da UFBA, durante as recentes disputas eleitorais, é motivo de vergonha e repúdio de toda a categoria. É inadmissível que opositores políticos eventuais transformem-se, de um momento para outro, em inimigos mortais, submetidos a ameaças de toda sorte, inclusive, com armas, ignorando o fato de que, antes de tudo, são parceiros e colegas de trabalho. Até quando esse “estado de coisas” será praticado e tolerado? Será que nosso movimento, com todo seu histórico de lutas e conquistas, merece uma mácula dessa natureza, em que a truculência, a manipulação e a imposição da força tomaram o lugar da decência, do respeito e da transparência?
A organização sindical dos trabalhadores das universidades, a permanecer esse tipo de atitude, logo, logo, estará experimentando um abominável processo de “jaguncização” do movimento, em que a disputa fraterna, baseada na ética, na tolerância e no respeito às diferenças, será substituída pela guerrilha fratricida, calcada na arrogância, na prepotência e na violência. Daí vencerá o pleito aqueles que formarem o maior bando de jagunços armados e dispostos a matar ou morrer!Definitivamente, não foi isso que aprendemos, ao longo de nossa história!
Como trabalhadores em educação de terceiro grau devemos procurar ser exemplos do que é ético, moral e salutar, em todos os sentidos. Atitudes violentas, truculentas e, sobretudo, antidemocráticas não combinam com nossa posição social e, nem tampouco, com nossa gloriosa história de organização política e sindical. Evitemos, então, manchá-la!

(*) Raimundo Uchôa é Coordenador de Adm. e Finanças da FASUBRA e integrante da Tribo-Pi.

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